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+ Música
O regente contra-ataca
Lorin Maazel, diretor da Filarmônica de Nova York, ensaia a Metropolitan Opera depois de 45 anos
DANIEL J. WAKIN
Condutor certo, pódio
errado? De modo algum. Lorin Maazel, o
diretor musical da
Filarmônica de Nova
York, tem conduzido ensaios
no Metropolitan Opera, do outro lado da praça Lincoln Center. Estreou na segunda-feira
uma temporada das "Valquírias", de Wagner, 45 anos após
sua estréia no Met, em 1962.
Para um condutor de sinfônica tão envolvido em ópera, a
ausência de Maazel do Met foi
estranha. Ele já dirigiu a Ópera
Alemã de Berlim e a Ópera Estatal de Viena; hoje é diretor
musical da Ópera de Valência,
na Espanha. Mas seus empregos mais destacados foram na
direção de orquestras como as
de Cleveland, Pittsburgh e, nas
seis últimas temporadas, Nova
York. "Sempre me considerei
um condutor de sinfônica que
de vez em quando rege uma
ópera", disse em uma entrevista recente. "Mas esse de vez em
quando se tornou um hábito."
Maazel estreou no Met em
novembro de 1962, aos 32 anos,
regendo "Don Giovanni" de
Mozart. Era um ex-menino
prodígio que regera a Filarmônica de Nova York aos 12 anos.
O crítico Harold Schonberg, do
"New York Times", elogiou sua
"liderança forte e enérgica" e
achou sua abordagem lógica,
equilibrada, não-sentimental,
com uma "plena compreensão
do clima da ópera".
Maleabilidade
Hoje, aos 77 anos, Maazel diz
que não cabe a ele especular como mudou enquanto regente.
"Mas também envelhecemos
de maneiras construtivas", diz.
Pelo menos um membro da
atual orquestra do Met, o violinista Sandor Balint, 79, tocou
para Maazel em sua estréia no
Met. Os músicos temiam que
aquele jovem gênio fosse arrogante. "Na verdade ele era bastante tranqüilo e muito eficiente. Não se apoiava nas pessoas,
era fácil trabalhar com ele." Depois dos ensaios recentes, Balint disse que pouco mudou.
Apesar da proximidade das
duas casas, poucos diretores
musicais da Filarmônica atravessaram a Plaza nos últimos
anos. Dimitri Mitropoulos foi
um convidado freqüente do
Met nos anos 1950; Bernstein
conduziu "Falstaff" enquanto
esteve na Filarmônica; Pierre
Boulez, Zubin Mehta e Kurt
Masur nada fizeram.
Desafio
Enquanto ensaiava no Met,
Maazel continuou na Filarmônica. Maazel diz que não poderia ter aceitado o convite do
Met se os programas da Filarmônica fossem mais pesados.
Mas os ensaios têm sido duros.
Num dia, Maazel regeu a Filarmônica em um ensaio aberto das 10h às 12h15. Às 13h estava no palco do Met. Falou pouco e avançou rapidamente para
os pontos problemáticos, muitos deles sugeridos por um regente assistente do Met. Às
15h25 o ensaio terminou. Maazel encontrou os cantores e o
staff e foi para casa descansar
antes de uma apresentação da
Filarmônica, às 19h30.
"Estou começando a gostar
do desafio", disse, com o sorriso
de alguém que certa vez conduziu as nove sinfonias de Beethoven em um único dia.
Lorin Maazel rege "As Valquírias" no Met em
14/1, 28/1, 2/2 e 6/2. Mais informações em
www.metopera.org.
A íntegra deste texto foi publicada no "New
York Times".
Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves.
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