São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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MÚSICA

por Livio Tragtenberg

1. Apoiar aqueles que aspiram à difamada utopia da invenção sonora.

2. Aproximar os desajustados sonoros (de todas as cores) para a criação de uma Internacional da Auto-Organização Sonora. Uma antiONG politicamente, economicamente e principalmente sonoramente incorreta.

3. Trabalhar pela criação de espírito crítico nos críticos. ("Ei... Gilberto Mendes acaba de completar 80 anos!").

4. Prevenir da influência perniciosa das escolas de música em geral e de heróis-gurus do passado. Labutar pela instalação de estúdios de gravação de acesso público (público, público) para bairros e cidades com mais de 3,5 rappers ou adolescentes sonoramente desenquadrados por m2.

5. Inflamar a desobediência sonora civil: desligue o rádio, CD, a televisão e sintonize o que acontece à sua volta. O som sempre se propaga em todas as direções...

6. Expandir a compreensão e eliminar o medo do novo, que aterra produtores, programadores e administradores culturais em geral. Desmistificar: o difícil nem sempre é difícil, e o fácil, sempre fácil -e/ou vice-versa. Uma coisa é certa: cabe a cada um decidir por si mesmo.

7. Desenvolver proteção auditiva para todos os cidadãos -por que ônibus de pobre é mais barulhento que ônibus executivo?-, regulamentando o uso do lixo sonoro urbano: caminhão de gás, televisão em boteco, rádio etc.; implantação de Parques Sonoros Públicos nas cidades, para o desenvolvimento de uma nova flora e fauna sonora.

8. Transformar a cracolândia na sala São Paulo.

Livio Tragtenberg é compositor, autor de "Artigos Musicais" (Perspectiva), "Contraponto" (Edusp) e "Música de Cena" (Perspectiva). Estreou na semana passada a direção musical do espetáculo "Antígone", em Hanover (Alemanha).


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