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Os sexpatriados
Crescem no país casos de estrangeiros que se casam com prostitutas e depois são abandonados
DO ENVIADO A BANCOC
De todos os subprodutos da indústria
do sexo na Tailândia, um dos que
mais chamam a
atenção é o fenômeno dos casamentos entre estrangeiros e as
profissionais que eles conheceram na noite.
A ilusão do amor à venda deixa cicatrizes.
Não faltam finais felizes, mas
quem percorre bares e hotéis
da capital tailandesa logo encontra uma legião de corações
partidos, homens que tiveram
relacionamentos fracassados
com mulheres locais, mas não
conseguem deixar o país: são os
chamados "sexpatriados".
Jogo de sedução
Em geral, trata-se de homens
com idade acima de 40 anos
provenientes de países europeus ou de outra parte do mundo rico, como Austrália, Nova
Zelândia e EUA.
No sinuoso jogo de sedução,
que começa nas casas de massagem e muitas vezes acaba no
altar, a lógica pode se inverter,
transformando euforia em desespero e predador em vítima.
Harry tem 57 anos, nasceu e
morou a maior parte da vida em
Manchester, no Reino Unido,
onde tem uma loja de ferramentas, até se aposentar, há alguns anos. Foi casado por 21
anos com uma colega de escola,
com quem tem dois filhos.
A primeira visita a Bancoc foi
logo depois do divórcio. Estava
deprimido e, seguindo o conselho de um amigo, embarcou numa viagem que o levou do céu
ao inferno emocional em poucos meses.
"Os bares e casas de massagem mudaram a minha vida.
Nunca havia sentido o carinho
que aquelas mulheres me dedicavam", conta Harry, encostado no balcão de um bar de Patpong. "Até que conheci Nan e
me apaixonei. Em cinco semanas, estávamos casados e morando em Manchester."
No começo, tudo correu
bem. Harry voltou a trabalhar
em sua loja e Nan cuidava de
casa.
"Ela sempre pedia dinheiro
para a família e com o tempo as
quantias foram aumentando.
Livros para o irmão, uma cirurgia do pai, cada vez era uma história diferente. Até que um dia
disse que ia visitar a família e
não voltou mais", diz Harry.
"Descobri depois que ela
nunca parou de trabalhar como
prostituta. Eu era só mais uma
fonte segura de dinheiro."
Escrava sexual
A história do comerciante
britânico se repete em dezenas
de outros relatos semelhantes,
em que as mulheres tailandesas
são descritas como cínicas e interesseiras e, os estrangeiros,
como vítimas.
Para Siriporn Skrobanek, da
Fundação para a Mulher, em
Bancoc, a decepção é fruto da
atitude paternalista e do preconceito dos homens ocidentais, que procuram na Tailândia uma combinação de dona
de casa com deusa do sexo.
"Um casamento não pode
funcionar quando as expectativas são totalmente diferentes.
Enquanto as mulheres buscam
segurança, os homens querem
uma escrava sexual carinhosa
que lave suas roupas. É difícil
dar certo."
(MN)
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