São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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Ano da Astronomia comemora observações pioneiras

DA REDAÇÃO

Em meados de 1609, após ter sido rejeitado como matemático oficial da corte dos Médici, em Florença, um professor da Universidade de Pádua chamado Galileu Galilei resolveu testar um brinquedo novo. O gesto acabaria por revolucionar a ciência -e levá-lo à prisão perpétua.
O tal brinquedo era a luneta, inventada na Holanda, que era tratada como mera curiosidade até então.
Galileu aperfeiçoou o instrumento, aumentando sua potência. No fim de 1609, ele apontou sua luneta (chamada de "telescópio") para a Lua. Estava dada a largada a um choque com a astronomia ptolomaica e a cosmologia aristotélica, defendidas pela igreja.
A Lua, observou Galileu, não era uma esfera perfeita (como dizia Aristóteles), mas sim cheia de montes e vales. Em outras observações seminais, o italiano descobriu quatro luas em torno de Júpiter e que Vênus tinha fases, como a Lua.
Isso era um problema para o modelo de Ptolomeu, que via a Terra no centro do Universo. Para que Vênus tivesse fases, seria necessário que os planetas se movessem em volta do Sol, e não o contrário. As fases de Vênus, no entanto, eram compatíveis com um outro modelo de Universo, descrito pelo polonês Nicolau Copérnico em 1543. Galileu passou a defender Copérnico, irritando o clero.
Em 1616, o cardeal Roberto Bellarmino, um aristotélico, ordenou a Galileu que não mais defendesse a teoria copernicana.
Arrogante, Galileu desafiou a proibição em 1632 com a obra "Diálogo", na qual um dos personagens, Simplício, é um aristotélico caricatural e estúpido.
No ano seguinte, iniciou-se um processo contra Galileu na Inquisição e um julgamento no qual o astrônomo foi considerado "veementemente suspeito de heresia" e condenado a abjurar suas ideias heliocêntricas. Galileu abjurou publicamente. Conta a lenda que teria murmurado depois: "Eppur si muove" ("e, no entanto, se move"). Foi condenado à prisão domiciliar, onde ficou até morrer.
Galileu é considerado o primeiro cientista moderno. A Unesco decretou 2009 o Ano Internacional da Astronomia, para marcar o quadricentenário das observações do italiano.


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