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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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O POETA E CRÍTICO RELEMBRA OS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA DO IRMÃO, MORTO EM 16 DE AGOSTO, O PROJETO COMUM DE TRADUZIREM A "DIVINA COMÉDIA" E A IRRITAÇÃO QUE DEMONSTRAVA POR AINDA SER CHAMADO DE CONCRETISTA

HAROLDO
IRMÃO SIAMESMO

Arquivo Pessoal
Haroldo e Augusto de Campos, em 1991 (acima); na pág. ao lado, carimbo do "Escritório Irmãos Campos" e dedicatória de Oswald de Andrade


Adriano Schwartz
Editor do Mais!

Nos últimos dois ou três anos, sempre que ligava para o Mais!, Haroldo de Campos dizia estar preparando uma ampla e polêmica revisão da poesia brasileira, "Diacronia em Pânico", um texto que em breve ele enviaria para publicação. Não houve tempo. Em dois dias se completará o primeiro mês da morte do poeta, tradutor e crítico literário.
Esse era apenas um dos projetos de Haroldo. Depois de verter toda a "Ilíada" para o português, ele chegou a planejar, como conta seu irmão, Augusto de Campos, a transposição integral da "Divina Comédia". Também não houve tempo. Os cantos traduzidos por ele, no entanto, foram suficientes para Umberto Eco considerá-lo o "mais importante tradutor moderno de Dante".
Trabalhador quase obsessivo, como relata Trajano Vieira [leia à pág. 6], crítico e teórico fundamental, como atesta Leyla Perrone-Moisés, Haroldo estará na memória dos que o conheceram por muitas razões e de diferentes modos. Talvez um dos melhores, contudo, seja aquele proposto pelo escritor Cabrera Infante: "Sua lembrança, porque viva, é dolorosa e permanente, mas devemos lembrá-lo vivo e às gargalhadas".


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