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Os novos mercenários
Estudo
publicado na França analisa
o boom da segurança privada no mundo atual
SYLVIE KAUFFMANN
É a outra profissão mais
antiga do mundo:
mercenário. O século
20 ofereceu alguns espécimes folclóricos
-aventureiros individuais,
conspiradores sem escrúpulos
ou executores de atos vis.
O fim da Guerra Fria, a proliferação dos conflitos de baixa
intensidade, os cortes imperativos nos orçamentos de Defesa nas democracias e a globalização transformaram esse pequeno comércio em uma indústria, que floresce à sombra
das grandes potências e de seus
exércitos regulares.
A segurança privada é hoje
um setor importante da atividade econômica internacional,
garantido por empresas sólidas
e rentáveis, que vemos em operação, por exemplo, ao lado das
tropas americanas e britânicas
mobilizadas no Iraque.
Ex-oficial de polícia e pára-quedista convertido ao estudo
e exercício do direito, Jean-Marie Vignolles mergulhou
nas origens e nas diversas facetas desse fenômeno apaixonante. Seu livro, "De Carthage
à Bagdad - Le Nouvel Âge d'Or
des Mercenaires" [De Cartago
a Bagdá - A Nova Idade de Ouro
dos Mercenários, Riaux, 299
págs., 15, R$ 42], o aborda de
maneira muito instrutiva, desde a evolução histórica às questões jurídicas, éticas e até técnicas que a privatização da segurança coloca hoje.
Os EUA, sobretudo depois do
11 de Setembro, e a Inglaterra
estão evidentemente na ponta
da indústria de segurança privada, mas empresas russas, israelenses, italianas e francesas
também surgiram no mercado.
Esse novo tipo de servidor
contratado não cumpre somente tarefas de apoio civil e
logístico; também efetua missões de vigilância, de proteção
armada e de formação militar,
e assim, como vimos no Iraque,
onde os militares privados chegam a 30 mil, pode se ver envolvido em combates.
Para Vignolles, as empresas
militares privadas americanas
não oferecem apenas a vantagem de permitir que os EUA
aliviem o orçamento de Defesa
como constituem um meio de
remediar as dificuldades de recrutamento e de contornar as
reticências do Congresso a autorizar intervenções externas,
mantendo o controle político
das operações.
Regulamentação precária
Constatando as lacunas do
direito internacional na matéria, a ONU se debruça há vários
anos sobre a questão, sem até
hoje ter conseguido superar
suas diferenças e o pouco interesse manifestado pelos grandes países em regulamentar de
perto essa indústria.
E na França? Tradicionalmente ativos fora de suas fronteiras, os franceses só podem
ser atraídos por esse setor em
plena expansão, mas "por enquanto só avançam a pequenos
passos no sentido da privatização da segurança, campo considerado da alçada exclusiva do
Estado", comenta o autor.
Este texto foi publicado no "Le Monde".
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.
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