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"Fomos abandonados"
PARA CÔNSUL-ADJUNTO DO PAÍS EM MADRI, QUEIXAS DOS PRESOS NÃO PROCEDEM, POIS NINGUÉM QUER IR PARA O "INFERNO QUE É A PRISÃO NO BRASIL"
DO ENVIADO A DUEÑAS
Fomos abandonados
pelo Brasil." A frase, dita em tom
dramático pelo
goianiense Luis
Humberto, 24, condenado a
seis anos por tráfico, poderia ter partido de qualquer
um dos 40 brasileiros presos em La Moraleja. Nenhum está satisfeito com a
assistência que recebe do
consulado, em Madri.
As queixas principais se
referem à dificuldade em
fazer contato com os diplomatas, a demora nos procedimentos que poderiam encurtar sua permanência na
cadeia e a falta de visitas.
"Estamos cansados de ver
os presos de outros países
receberem visitas e serem
ajudados", diz Humberto.
Reunidos num dos 14
módulos do presídio, os
brasileiros se exaltam
quando falam do serviço diplomático de seu país.
Prisão cinco estrelas
"Teve um rapaz aqui, o
André, que demorou três
meses para ser solto porque
o consulado não enviava o
salvo-conduto para ele poder voltar para o Brasil", diz
o paulista Giovani de Souza.
"Também tem muita gente
que gostaria de cumprir o
resto da pena no Brasil, mas
não consegue por falta de
colaboração do consulado."
Embora reconheça que
algumas das reclamações
dos brasileiros presos em
La Moraleja são justas, o
consulado em Madri considera a maioria fruto da ignorância sobre os limites da
ajuda que a diplomacia pode lhes prestar.
Para cônsul-adjunto Pedro Frederico Garcia, responsável pelo assunto no
consulado, a afirmação de
que presos brasileiros deixaram de cumprir pena no
Brasil por falta de ajuda diplomática é "falaciosa".
"Ninguém quer sair de
uma prisão cinco estrelas
para ingressar no inferno,
no campo de concentração
que é a prisão no Brasil", diz
o diplomata. "Isso é falacioso, porque nenhum deles
tem coragem de peitar uma
prisão brasileira."
Outra reclamação constante dos detentos brasileiros é a falta de notícias e de
visitas. "Não custava nada
mandar de vez em quando
uma revista velha", diz o paranaense Paulo Teixeira.
"Uma visita também não faria mal."
O consulado reconhece as
falhas. "Algumas reclamações procedem, por exemplo, em relação às visitas e
ao atendimento telefônico.
Simplesmente o consulado
não tem pessoal suficiente",
diz Garcia.
"Quanto à falta de notícias, o consulado está desenvolvendo um projeto para distribuir uma revista
que forneça minimamente
informações do país aos
brasileiros que estão presos
na Espanha."
(MN)
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