São Paulo, domingo, 17 de junho de 2001

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MILLÔR

Cinismo é isso aí, bixo. Já estão tapando o sol sem a peneira.

1) Palavras, palavras, palavras
Sempre que surgem novidades tecnológicas o nível Cultural baixa, há repetição de coisas passadas como se fossem invenções extraordinárias, lixo cultural como se fosse criações últimas da inteligência. A Internet é especialista nisso. Apesar de não divulgar meu e-mail, diariamente me chega esse paradoxo - novidades velhas e, inúmeras vezes, erradas. Exemplo:
internet:
Origem do O.K. Durante a Guerra de Secessão, quando as tropas voltavam para o quartel sem nenhuma baixa, escrevia-se numa placa "O Killed" (zero mortos). Dai surgiu a expressão O.K. para indicar que tudo estava bem.

Comentário deste comentarista:
Etimologia interessante, mas, como tantas, anedótica. Há uma atribuída ao General Grant responsável pela vitória de Lincoln na Guerra de Secessão, e de quem outros generais foram reclamar ao Presidente, pois estava sempre bêbado. Lincoln teria respondido: "Se é assim vou mandar distribuir tonéis de bebidas para todos os outros generais e ver se alcançam os mesmos resultados que ele."
Grant, depois Presidente, segundo a lenda subletrado, pensava que all correct se escrevia Oll Korrect e, portanto, dava aos documentos o seu aval com um OK.
Mas OK já existia. Como já havia, também, uma forma matuta de pronuncia; oll ou orl, korrect. É possível que Grant soubesse e estivesse gozando a cara dos seus assessores, a exemplo do Dr. Roberto Marinho, que gosta de fingir de distraído ou até mesmo gagá, pra confundir a suficiência, até insolência irônica, dos auxiliares mais jovens. (No caso, quem não é?).
Woodrow Wilson usava Okeh em seu papeis: "Okeh. W.W.". Indagado porque não usava Ôkei, Wilson professor universitário respondia: "Por que está errado. Procure no dicionário." Procuravam e achavam: "Okek. Palavra do Choctaw(*) significando "É isso".
Mas deixo a última palavra com Eric Partridge (neo zelandês morto em 1979, o maior etimologista que conheço que passou os 86 anos de sua vida mergulhado no mistério e na mágica das palavras. Tem pelo menos uma obra-prima, ORIGINS, e um livro, pra nós, curioso: "From Sranscrit to Brazil").
"OK. Sua origem não é, como já se acreditou, a palavra "Okeh", variação de "hoke", do choctaw, significando "sim, é", mas, mais provavelmente, deriva-se das bandeiras do OK. Clube, da campanha presidencial de 1840, apoiando Martin van Buren (presidente dos U.S.1837-41), apelidado Old Kinderhook, por ter nascido na cidade deste nome".
Poucos acrogramas (êpa!) tiveram mais sucesso do que OK. Depois da campanha de 1840 ele rapidamente perdeu o sentido inicial e passou a ser usado como verbo, advérbio, substantivo e interjeição. Na Inglaterra o OK. americano pegou logo pois, por coincidência; vendia-se um molho muito popular chamado Mason, O. K. Hoje o OK tem circulação universal e penetrou até na linguagem mais formal. No mundo ocidental sua popularidade só é ameaçada pelo Ciao, italiano.

2) Apagão, clarificação
Afinal um pouco de democracia. já não importa mais a gaita. O prestígio agora está em quantos quilowóts você tem.

3) Mercado de valores
(Por um técnico que também não entende nada e só recebe por fora)
O Mercado de valores (investigar quais) continua instável, com ligeira alta na irritação dos investidores. Novos lançamentos de risco concorrem para diminuir a cotação de representantes dos Três Poderes, recentemente privatizados pelo narcotráfico. Queda geral no valor das declarações otimistas de FhC. Ligeiro aumento nos títulos de jornal e nas manchetes escandalosas. Baixa sensível nas cotações de seguros médicos e empreiteiros em geral. Declarações de intermediários do FMI sem aceitação por parte dos investidores. Ações da polícia com grande movimentação, mas baixíssimo índice P/L. Fundo do poço nos títulos de FhC. Insiders fazendo posição no rompimento entre Brizola e Lula, Garotinho e Zito, Jeressaiti e Ciro e Itamar e Itamar. Metrô no fundo do buraco, Industria automobilística sem movimentação, parlamentarismo anunciando títulos de FhC renovados. Ordens maciças (vindas do exterior) para compra da Amazônia Legal. Grande expectativa quanto à privatização do Judiciário. Direito Humanos muito manipulados, pagando baixos dividendos. Habeas-corpus, Mandados de Segurança e outros títulos de organizações jurídicas em forte demanda. O mercado aposta firme na alta das imobiliárias do Judiciário.

Site do Millôr: www.uol.com.br/millor



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