São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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Comida
por Carlos Alberto Dória

Alimentos "limpos"
Irá se aprofundar a dualidade entre "natural" e "artificial", e alimentos "limpos", vigiados e certificados serão favorecidos pela crise do petróleo, que encarecerá os insumos agrícolas. A biodiversidade amazônica terá mais chances comerciais, e muitas espécies silvestres serão domesticadas.

Vegetarianismo conquista espaço
A soja esgotará a fronteira agrícola e será aplicada ao biodiesel. A ração animal encarecerá. O consumo de carne decairá, um novo vegetarianismo avançará como prática e ideologia. Novos vegetais surgirão do aperfeiçoamento genético. "Foie gras" e caças serão proscritos como o cigarro.

Nova territorialização do gosto
A globalização enfastiará, valorizando-se os produtos locais. O "terroir" [ênfase em ingredientes e modos de produção regionais] é a diretriz da gastronomia. As "amenities" roubarão espaço das "commodities". Não se comerá melhor ou pior, mas diferentemente. O "sabor da terra" e o "de caça" serão desejos fortes, incentivando negócios.

Analfabetismo culinário
Decairá o tempo total dedicado às refeições domésticas, destruindo-se códigos alimentares e aprofundando-se o "analfabetismo culinário". A hegemonia do novo modelo dietético (com menos açúcar, calorias e gorduras) e a formação do gosto dependerão mais do sistema de ensino do que da família.

A refeição cerimonial
A cozinha da casa assimilará a revolução digital e a nanotecnologia. Controles mais precisos de tempo, temperatura e dos gestos culinários favorecerão o individualismo do "chef doméstico". A refeição cerimonial (receber em casa) evoluirá para a sofisticação e a excepcionalidade.

CARLOS ALBERTO DÓRIA é sociólogo e autor de "Estrelas no Céu da Boca" (ed. Senac-SP).

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