São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 2006

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História do Brasil
por Angela de Castro Gomes

História social do trabalho
Estudos de história social do trabalho tiveram muita popularidade nas décadas de 1970/80. Em seguida, sofreram certa baixa, embora nunca tenham deixado de ter produção constante e relevante, tanto entre historiadores quanto entre cientistas sociais. Mas tudo indica que devem voltar e com força, diante da agenda política dos próximos anos, na qual reforma sindical, reforma previdenciária e reforma trabalhista se impõem.

Revisão na América Latina
Como se sabe, é com os olhos no presente que o historiador viaja ao passado. Com outras perspectivas, sempre poderá revisitar temas e questões. Este ano eleitoral no Brasil e na América Latina exigirá daqueles que trabalham com política cuidados no trato do quadro de heterogeneidade que se desenhou, difícil de compreender com a utilização de conceitos abrangentes e consagrados, mas também desgastados -como o de populismo.

Valorização do "tempo presente"
A área de conhecimento da história é, tradicionalmente, resistente a inovações, embora tenha passado por profundas mudanças nas últimas décadas -novos objetos, métodos, fontes e o reconhecimento da centralidade do estudo do "tempo presente". Vale então o registro, surpreendente, de que na prova específica de história do vestibular deste ano da maior universidade federal do país [a Universidade Federal do Rio de Janeiro] não houve nenhuma pergunta sobre História do Brasil republicano.

Novo ensino
O ensino de história e de história do Brasil, em particular, precisa ser e vem sendo preocupação crescente entre pesquisadores das áreas de história e de educação. É um diálogo que precisa se aprofundar, aproximando e enriquecendo seus participantes e que, em fevereiro de 2006, ganhou um fórum importante. Foi criada, em Belo Horizonte, a Associação Nacional de Pesquisadores em Ensino de História.

Memória
Memória e história mantêm laços sólidos, indissolúveis. Mas são distintas. A globalização diminuiu o mundo e acelerou o tempo, trazendo enorme demanda por memória, sobretudo de grupos (locais, étnicos, religiosos). É um boom, uma obsessão pela memória. Mas os relatos memorialísticos e seus usos políticos não são a história, e sim um de seus mais novos e caros objetos de reflexão.

ANGELA DE CASTRO GOMES leciona história do Brasil na Universidade Federal Fluminense.


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