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+ a vida como ele é, por Pier Paolo Pasolini
O corpo subjugado
S
aló" foi baseado em "120
Dias de Sodoma", do
marquês de Sade, mas se
passa durante a República de
Saló, ou seja, entre 1944 e 45.
Portanto, há muito sexo, mas
o sexo que aparece no filme é o
típico sexo de Sade, cujo traço é
exclusivamente sadomasoquista, com todas as atrocidades de detalhes e situações.
[...] Em meu filme, todo esse
sexo assume um significado específico: é a metáfora daquilo
que o poder faz com o corpo
humano, é a reificação do corpo humano, sua redução a coisa, que é típica do poder, de
qualquer poder.
Se em lugar da palavra
"Deus", de Sade, ponho a palavra "poder", vem à tona uma
estranha ideologia, extremamente atual [...]. Outro elemento de inspiração do filme é a
evocação daqueles dias que vivi, os dias da República de Saló
[...].
Eu não estava em Saló, mas
no Friuli. O Friuli se tornara
uma região alemã, fora burocraticamente anexado à Alemanha. Chamava-se o "Litoral
adriático". De 8/ 9/43 até o final da guerra, ali houve um
"gauleiter", uma espécie de governador. Isso quer dizer que
passei dias terríveis no Friuli.
Mas ali se deu uma das mais
aguerridas lutas "partisans"
[de resistência à ocupação], e
meu irmão morreu nela [...].
Além disso, o Friuli era sempre bombardeado pelos americanos, e por lá passavam aviões
que iam bombardear a Alemanha. Capturas, vilarejos desertos, bombardeios quase inúteis, de pura crueldade.
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