RENINA KATZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em cada fase da minha vida estive apaixonada por um livro diferente. Como tenho muita dificuldade de escolher um único livro como o mais importante que já li, prefiro falar um pouco dessas paixões.
Muito jovem, ainda aos 20 anos, achava que "As Ilusões Perdidas", de Balzac, era a obra mais interessante que havia lido até então. Ela faz revelações fantásticas sobre as relações humanas. É uma aula de corrupção fantástica.
"Grande Sertão: Veredas" e os contos de Guimarães Rosa vêm em seguida. Além de Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade, meus livros de cabeceira.
Hoje eu leio e releio muitas obras que me marcaram, como as de Robert Louis Stevenson. Além de "O Concerto Barroco", de Alejo Carpentier, uma maravilha que sempre que encontro compro para dar de presente.
Mas o livro que permeou toda a minha vida foi "Romanceiro da Inconfidência". Um épico fantástico. Alimentei, desde 1955, o sonho de ilustrar essa obra, e trabalhei por vontade própria sobre ele desde então, projeto que foi interrompido, mas acabou sendo exposto no ano passado. Para mim foi surpreendente que Cecília Meireles pegasse a Inconfidência Mineira, tema muito badalado, e transformasse num épico de uma intensidade fantástica, criando essa coisa maravilhosa. Com sua poesia, ela conseguiu dar um outro olhar para os fatos.