|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
+ biblioteca básica
"Coronelismo, Enxada e Voto"
ÂNGELA DE CASTRO GOMES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na primeira
vez em
que li "Coronelismo, Enxada e
Voto" [1949], no
fim dos agitados
anos 60, eu fazia
meu curso de
história na Universidade Federal Fluminense.
Então, o livro
não me impressionou muito.
Precisei lê-lo outras vezes, tendo
o privilégio de
ouvir Victor Nunes Leal falar de seu trabalho, em
1980, na conferência de abertura do curso de doutorado do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
Bastante idoso, tendo sido cassado pelo regime
militar, o autor, emocionado com a homenagem,
reafirmou o sentido do que nomeara, 30 anos antes, por coronelismo. Essa é, sem dúvida, a maior e
definitiva contribuição do livro, pioneiro e seminal
para os estudos de história e ciências sociais no
Brasil, pois trata de poder, de política, de pacto, de
negociação, sem simplismos, sem esquematismos.
No livro, como um sistema político, o coronelismo marca o conjunto de relações político-sociais
da Primeira República, em todos os níveis, não se
caracterizando, fundamentalmente, nem pelo
mandonismo local nem pelo clientelismo, que com
ele convivem, mas podem ultrapassá-lo no tempo.
É justamente o enfraquecimento do mandonismo, devido ao avanço do poder do Estado, que
conduz às negociações que sustentam o pacto político dessa República, inaugurando novos espaços
de governabilidade, nova dinâmica entre o público
e o privado no Brasil.
Ângela de Castro Gomes é professora titular de história do
Brasil na Universidade Federal Fluminense e pesquisadora do
Centro de Pesquisa e Documentação da Fundação Getúlio Vargas (RJ). É autora de, entre outros livros, "Capanema - O Ministro e Seu Ministério" (ed. FGV).
"Coronelismo, Enxada e Voto", de Vítor Nunes Leal. 280
págs., R$ 27,00. Ed. Alfa-Omega (tel. 0/xx/11/3062-6400).
Texto Anterior: Ponto de fuga - Jorge Coli: Lasanha ao molho pardo Próximo Texto: + autores: Os sofrimentos do eleitor Índice
|