São Paulo, Domingo, 22 de Agosto de 1999
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A DONZELA DIZ:

Amor, lembras-me, ao ver-te carrancudo,
O teu busto de pedra arrefecida:
Como este, não me dás sinal de vida;
E mais do que ele estás fechado e mudo.

Oculta-se o inimigo atrás do escudo,
O amigo deve andar de fronte erguida,
Foges de mim, que após ti vou, dorida;
Pára! Não anda o mármore sisudo.

Ah! para qual dos dois voltar-me devo?
A frieza dos dois hei-de aguentar,
De ti que és vivo e dele sem alento?

Basta de queixas vãs! Em doce enlevo
Tão longamente a pedra vou beijar,
Que dela enfim me arrancarás ciumento!


Poema de Goethe em tradução de Eugénio de Castro


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