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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Que faire d'un monde

Que fazer de um mundo

de Jacques Roubaud
Tradução de Duda Machado

que faire d'un monde qu'on ne dit pas
que fazer de um mundo que não se diz
dont nul n'a su ne sait rien dire, rien
do qual nenhum não soube nenhum não sabe nada dizer, nada
pas un détail, pas une ocurrence particulière accrochée d'une
description

nem um detalhe, nem uma ocorrência particular enganchada a uma descrição
un monde d'une généralité si extrême
um mundo de uma generalidade tão extrema
que l'unique, le sans répétition, y est abrogé
que o único, o sem repetição, aí está ab-rogado
dès l'instant que personne ne peut comprendre
desde o instante que não ninguém pode compreender
dont personnne dans sa bouche ne sait que faire
do qual ninguém em sua boca não sabe fazer senão
contourner ce dire, l'expulser d'une syllabe
contornar este dizer, expulsá-lo com uma sílaba
le cracher avec dégoût
cuspi-lo com desgosto
un monde d'une imprécision abominable
um mundo de uma imprecisão abominável
avec lequel je dois vivre
com o qual eu devo viver
à qui je dois, incessant, le regard?
a quem eu devo, incessante, o olhar?


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