São Paulo, domingo, 23 de dezembro de 2001

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CASA DOS ARTISTAS
Conheça o ateliê de 15 dos principais artistas plásticos brasileiros

Adriana Zehbrauskas/Folha Imagem
Estante do ateliê de Carmela Gross


Caio Caramico Soares
free-lance para a Folha

Ao contrário do que faz crer um dos maiores sucessos da história recente do voyeurismo, a verdadeira "casa dos artistas" é um espaço em que o ideal da privacidade não foi ainda atirado às ruas.
Nas páginas seguintes do Mais!, imagens dos ateliês de 15 dos principais artistas plásticos brasileiros revelam como esse local faz parte "ativamente" da produção estética de cada um, sendo, de certo modo, uma obra de arte em si, encarnação de gostos e idéias que demarcam a individualidade.
De "núcleo mental" de Carmela Gross ao teatro das personas de Siron Franco, de "esconderijo" de obras de Lygia Pape à "casca protetora" de Luiz Paulo Baravelli, passando pela membrana transparente de Amilcar de Castro ao mundo externo, o ateliê assume um significado comum de "extensão do pensamento". Quando não do próprio pensamento em si: Tunga afirma ter alojado seu ateliê na própria cabeça. Para ele, todo espaço, e não só os estúdios privados, é apto a ser "poeticamente adensado".
Nem sempre o ateliê fica em casa, às vezes nem sequer "é" uma casa. Para Nuno Ramos, trata-se, sim, de um campo de batalha "selvagem". Guto Lacaz, por sua vez, diz que um estúdio, em que pode sujar e remexer, é "mais gostoso" do que a própria casa -"muito formal" hoje em dia.
Condicionando e sendo condicionado pelo trabalho, delimitando a fantasia (Dudi Maia Rosa) ou expandindo-a (Regina Silveira), o ateliê transcende a condição de escritório neutro. Toma a dimensão do que Paulo Pasta chama de um espaço de "experiência", de metabolismos entre homem e mundo -cada vez mais difíceis em um cotidiano despojado de significado ritual.


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