São Paulo, Domingo, 24 de Outubro de 1999 |
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NAZISMO Schacht por Gustavo Franco "Schacht foi, de fato, o mais importante formulador de políticas econômicas na Alemanha
de 1923 a 1944. Foi autor e principal executor do programa que
pôs fim à hiperinflação, e esteve
no centro de tortuosas negociações em torno de reparações de
guerra devidas pela Alemanha,
um dos temas que mais consumiram os melhores economistas no entre-guerras. Esteve entre os primeiros a aplicar receitas posteriormente denominadas keynesianas contra a Depressão, inventou os controles
cambiais e os tratados de comércio por compensação, assim
como esquemas financeiros para custear o esforço de guerra,
encobrindo a sua natureza fiscal. É difícil imaginar, neste século, uma outra personalidade,
dentre aquelas diretamente envolvidas com a política econômica, que tenha sido tão influente, versátil e criativa diante
de desafios tão variados e tão
monumentais -inclusive, e
principalmente, o de trabalhar
com Hitler." "Em Nuremberg, Schacht não foi acusado de anti-semitismo ou de atos concretos contra os judeus, sendo mesmo reconhecido pelo acusador americano Jackson como alguém que teria ajudado e apoiado judeus em casos isolados. No livro de Daniel Guerin ("Fascism and Big Business"), publicado em 1939, há uma breve referência (pág. 152) ao ressentimento de "plebeus" nazistas, que viam como "insolência" o fato de Schacht ter colocado um judeu entre os seus assessores mais próximos. Mas a manifestação mais importante de Schacht contra o anti-semitismo foi sem dúvida o discurso que, na condição de presidente do Banco Central, dirigiu a seus funcionários no Natal de 1938 (leia na pág. 5-5). (...) Estas indicações por certo atenuam, mas não desfazem por inteiro a impressão de que Schacht compartilhava certos preconceitos e restrições contra a participação de judeus na vida alemã -uma atitude que, embora amplamente disseminada na Europa daquela época, somos hoje obrigados a registrar e rejeitar como descabida. Alguns de seus argumentos, como veremos abaixo, são conjunturais e sua verbalização terá possivelmente obedecido a cautelas de ordem tática, mas pelo menos uma restrição mais profunda, de natureza cultural, ele sustentava." Trechos extraídos da edição brasileira de "Setenta e Seis Anos de Minha Vida". A OBRA "Setenta e Seis Anos de Minha Vida", de Hjalmar Schacht (Ed. 34, tel. 0/xx/11/816-6777). 400 págs., preço não definido). Texto Anterior: Boas-vindas aos banqueiros Próximo Texto: A castração do centro Índice |
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