São Paulo, domingo, 25 de março de 2001

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Um grupo de jovens músicos fundou recentemente em São Paulo "A Barca" e agora navega nas águas do coco, do maracatu e de outros ritmos da tradição musical brasileira, registrados no CD "Turista Aprendiz". Pela tripulação, fala o pianista Lincoln Antonio.

Como surgiu "A Barca"?
Surgiu como vontade de viagem, desejo de partida. Sair de São Paulo para melhor entender São Paulo e descobrir (ou redescobrir) o Brasil. Depois, voltar a São Paulo para melhor entender o Brasil. Nesse fluxo e refluxo, o turista aprendiz Mário de Andrade foi a figura com quem mais dialogamos.
Por que Mário de Andrade ultimamente tem sido objeto de leituras musicais?
O material que Mário reuniu cobre boa parte da música brasileira tradicional de sua época. São mais de mil melodias. Daí esse acervo se prestar a muitas leituras. Além disso, existe ainda o crítico e o ensaísta, o professor e o esteta. Enfim, os 300, 350 mários ainda são referência para o artista contemporâneo.
O que acha da mistura de ritmos tradicionais e modernos?
Os ritmos são coisa tão fundamental na música de qualquer época ou lugar que, afinal, acabam sendo sempre os mesmos. Como diria nosso percussionista Ligeirinho, tudo é ponto. E mistura é algo tão natural para nós que faz parte de nossa feitura como brasileiros.
"A MPB anda em má fase etc.". Isso é fato?
MPB é uma sigla datada, superada quando se quer uma análise mais abrangente do cenário musical. Hoje talvez signifique a musiquinha bem feita, bastante óbvia, que agrada como uma boa mobília. Nesse sentido, dane-se a MPB! Música popular brasileira hoje é o coco, rap, samba, eletrônicos, tambores etc. São muitas tribos e muitas praias, cada qual com suas questões de cultura e mercado.
O que vocês mais gostam de ouvir?
O grupo é grande, somos nove e, portanto, ouvimos de tudo.




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