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Laboratório de famílias
da Equipe de Articulistas
A idéia de que já é possível
"criar" famílias ("creating families") ou gerações ("growing generations") em laboratório é a tônica dos anúncios de clínicas de
fertilidade e empresas de gestação
de substituição (aluguel de barriga) nos Estados Unidos.
A homepage da clínica Babies-by-Levin na Internet (http://www.babies-by-levin.com), do
médico americano Richard Levin,
anuncia com estardalhaço, numa
tela animada em que espermatozóides rapidinhos penetram óvulos cor-de-rosa, todas as vantagens que casais não férteis encontrarão ali para resolver seus problemas de infertilidade. A homepage é um verdadeiro outdoor de
propaganda, que transforma em
logomarca o letreiro "babies-by-Levin" (bebês feitos por Levin).
Em entrevista à Folha por e-mail, Steven C. Litz, diretor da clínica Surrogate Mothers Inc. resume o espírito da coisa: "Nós ajudamos casais desde 1984 e somos
a maior organização no mundo
nessa área. Nunca tivemos um
único caso de mulher doadora de
útero que tenha mudado de idéia
durante o processo. E não temos
nenhum tipo de discriminação
contra clientes baseada em raça,
estado civil ou orientação sexual.
Tivemos até hoje 140 bebês nascidos por aluguel de útero e temos
atualmente 55 casais que escolheram a gravidez por esse método e
estão esperando bebês. Desse total de 140, 35 nascimentos foram
de casais gays. Os demais, de casais não férteis ou de solteiros".
Gail Taylor, fundadora e presidente da clínica Growing Generations (http://www.growinggenerations.com), em
Beverly Hills (Califórnia), lésbica
e mãe de uma menina por inseminação artificial, diz, na entrevista
a seguir, feita por e-mail, não
acreditar que o processo de geração de uma criança afete o conceito de família, mas acha antiética a
idéia da invenção de um útero artificial, onde a criança fosse gestada sem "o acalento de um outro
ser humano enquanto ela está
sendo gerada para a vida".
Folha - Qual a técnica de reprodução mais escolhida por
mulheres lésbicas na clínica?
Gail Taylor - A maioria das lésbicas não usa a barriga de aluguel.
Cada vez mais casais de lésbicas
estão trabalhando juntas para
criar uma gravidez com o óvulo/
embrião de uma delas a ser gestado pela parceira.
Folha - Há toda uma geração
de bebês nascendo por meio de
técnicas de inseminação alternativa. Em que medida isso pode alterar o conceito de maternidade e família?
Taylor - Eu acho que a reprodução assistida e o aluguel de útero
ajudam as pessoas a criar famílias
de uma maneira única e diferente.
A sociedade concentra seu interesse na ligação biológica e frequentemente tem ideais estreitos
e predeterminados sobre o que é
um pai ou uma família.
Folha - Os casais que procuram sua clínica têm algum tipo
de questionamento ético?
Taylor - Muitos casais gays que
escolhem ser pais ou mães são
sempre questionados quanto ao
porquê de sua decisão. Mas a
maioria dos casais heterossexuais
não é. Imagine como seria o nosso
mundo se houvesse uma avaliação prévia de qualquer ser humano antes de ele ser considerado
qualificado para ser pai ou mãe.
As crianças do mundo todo passariam por muito menos sofrimento e abusos. Uma vida de
amor, dedicação, alegria e apoio é
o elemento chave para se criar
uma família.
(MF)
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