São Paulo, Domingo, 25 de Julho de 1999
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Técnicas solucionam problemas

da Equipe de Articulistas

As mais modernas técnicas de reprodução humana laboratorialmente assistida, desenvolvidas para o tratamento da infertilidade, já avançaram muito desde o advento da inseminação artificial (IA) e da fertilização "in vitro".
A técnica clássica de inseminação artificial (IA) consiste em colher o espermatozóide do sêmen ejaculado (de um homem com problemas de infertilidade por baixa produção de espermatozóides, por exemplo), para introduzi-lo dentro do útero da mulher.
A fertilização "in vitro" (Fiv) convencional, criada em 1978, revolucionou a tecnologia da reprodução humana. Naquela ocasião, os médicos Patrick Steptoe e Robert G. Edwards misturaram óvulos de uma mulher e espermatozóides de seu marido numa proveta de laboratório, conseguiram a fertilização depois de dois ou três dias e implantaram os embriões no útero da mulher. Dessa pioneira fertilização "in vitro" nascia Louise Brown, primeiro bebê de proveta do mundo.
Em 1992 surgiu a ainda mais revolucionária Icsi (injeção intracitoplasmática de espermatozóides). A Icsi é a técnica em que se injeta o espermatozóide diretamente dentro do óvulo. A vantagem dela, segundo explicou à Folha Armindo Dias Teixeira, especialista em reprodução humana e médico da Santa Casa de São Paulo, é que, enquanto na Fiv convencional precisava-se, para fertilizar o óvulo, de em média 2 milhões de espermatozóides, depois de o sêmen ter sido processado em laboratório, com a Icsi basta um espermatozóide para cada óvulo, ou seja, uma meia dúzia de espermatozóides já é suficiente.
Segundo o médico Jonathas Borges, do Hospital Albert Einstein, a Icsi abriu um leque enorme de possibilidades de experimentos em biologia molecular. "Um processo ainda experimental é, por exemplo, retirar do testículo de um homem a célula mais primitiva do desenvolvimento do espermatozóide, a espermatogônia, e inoculá-la no testículo de um outro homem, fértil, ou até interespécie, num rato, por exemplo, para que essa célula amadureça dentro desse testículo fértil. Essa célula não é atacada imunologicamente. Ela passa a desenvolver no testículo do rato ou do homem fértil os espermatozóides daquele primeiro homem, que não conseguia amadurecê-los em seu próprio testículo. Depois é só colher esse espermatozóide e levá-lo a fertilizar o óvulo da mulher do doador não fértil."
Pesquisas semelhantes também estão sendo desenvolvidas com óvulos de mulheres menopausadas, que já perderam a capacidade de fertilização. Um dos estudos investiga a possibilidade de se transferir parte do citoplasma do óvulo de uma mulher jovem para o citoplasma de um óvulo da mulher de idade avançada, para ver se seus óvulos ganhariam maior potencial de gestação. (MF)


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