São Paulo, domingo, 25 de novembro de 2001

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Amanhã o diretor Rogério Sganzerla lança "Por um Cinema sem Limite", coletânea de artigos sobre história e teoria do cinema. Sganzerla, que também está finalizando o longa "O Signo do Caos", falou nesta entrevista sobre o livro e filme.

Quais os principais focos de seu livro?
O livro nasceu de artigos que publiquei na imprensa entre os anos 60 e 80, em suplementos de "O Estado de S. Paulo" e Folha, por exemplo. Nele tento uma interpretação pessoal da história do cinema, sobretudo da passagem do filme clássico ao moderno.
Quem são suas influências mais fortes?
Sempre li muito os melhores críticos e os melhores escritores, como André Bazin e James Joyce, cujo "Ulisses" influenciou muito minha concepção de narrativa cinematográfica. Mas busquei entender o cinema a partir de categorias próprias, como a "câmara cínica", que não participa da narrativa dramática, ou a idéia de "herói fechado" e "desdramatização". Esses conceitos ajudam a entender o que é o filme moderno em relação ao clássico. Quem ler meu livro terá vontade de filmar.
Quem são os seus grandes heróis?
Tudo passa por Orson Welles, Mizoguchi e Ushida (que foi assistente de Mizoguchi), para mim os três grandes criadores do cinema. Mas o livro vai até a invenção do formato cinema, visando à tomada de consciência crítica do espectador. Cito Bazin, Truffaut etc. É um livro teórico, mas muito legível.
E quanto a seu novo filme?
Gostaria de fazer filmes de sucesso imediato, mas hoje há uma certa retração, um empobrecimento da sintaxe -espelho do que estamos vivendo. O cinema está ruim em toda parte. Quanto a "O Signo do Caos", ele representa o país de 2001 e se parece com uma sinfonia. É uma comédia para quem sabe rir, um jogo com o espectador incauto, que não está preparado para uma linguagem mais elaborada. A nova geração precisa desburocratizar a cabeça, e eu quero participar disso.



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