São Paulo, domingo, 26 de abril de 1998

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Evento festeja sem brilho sua 15ª edição

Folha Imagem
Visitantes durante a 12ª Bienal do Livro, em 1992



Saiba a história da Bienal, que em sua primeira versão, em 1970, teve apenas 46 estandes e trouxe ao país Jorge Luis Borges, um dos maiores autores do século


da Redação

Há 28 anos acontecia no Pavilhão do Ibirapuera a primeira Bienal do Livro de São Paulo. Sua área total era de pouco mais de 3.000 m2 e os estandes não chegavam a 50. Os visitantes, segundo os dados contrastantes da época, oscilaram entre 20 mil e 40 mil pessoas.
Para este ano foram montados 248 estandes para 815 expositores numa área de 43 mil m2 (Expo Center Norte), onde se espera receber uma multidão superior a 1,5 milhão de pessoas. Apesar da modéstia de seus números, a Bienal de 1970 recebeu e premiou um escritor como Jorge Luis Borges, enquanto a deste ano não prevê a visita de nenhum autor dessa relevância. Conheça abaixo os principais eventos que marcaram as bienais anteriores.

1970 - 1ª BIENAL
A 1ª Bienal foi inaugurada em agosto de 1970 no Pavilhão do Ibirapuera, com 46 estandes. A organização era precária. Na véspera da abertura havia apenas dois estandes prontos. Francisco Matarazzo Sobrinho, presidente da Fundação Bienal, ofereceu um prêmio de US$ 25 mil ao escritor Jorge Luís Borges, que veio para o evento.

1972 - 2ª BIENAL
Em 1972 se festejavam datas importantes: o quarto centenário de "Os Lusíadas", de Camões (que ganhou uma sala especial), os 150 anos da Independência e o Ano Internacional do Livro. Os títulos mais vendidos foram: "A Galáxia de Gutemberg", de Marshall McLuhan, e "1984", de George Orwell.

1974 - 3ª BIENAL O forte desta Bienal foram os livros de literatura e artes plásticas. Mas os preços estavam caros por causa do câmbio usado pelos editores. No estande de Portugal, vendedores ostentavam cravos vermelhos na lapela (em homenagem à Revolução dos Cravos, ocorrida em abril daquele ano). As feministas também tinham o seu estande, o Movimento Feminino de Libertação.

1976 - 4ª BIENAL
A 4ª Bienal teve números semelhantes à anterior. Pela primeira vez foram vendidos livros nos estandes. Os portugueses José Cardoso Pires e Bernardo Santareno estiveram presentes. Fernando Morais autografou "A Ilha". Os visitantes concorreram a prêmios pela Loteria Federal.

1978 - 5ª BIENAL
A 5ª Bienal foi forte em vendas e fraca na programação cultural. Os visitantes não prestigiaram nem as sessões de autógrafos, nem os seminários -que ficaram vazios. O público universitário reclamou da Câmara Brasileira do Livro -CBL- uma volta às suas origens, quando o evento era eminentemente cultural.

1980 - 6ª BIENAL
Na 6ª Bienal houve um desentendimento entre editores e organizadores do evento. Algumas editoras tradicionais não participaram da Bienal, como a Civilização Brasileira. Apesar disso, a Bienal cresceu em números: 70 mil títulos, 180 estandes e um público de 500 mil pessoas.

1984 - 8ª BIENAL
A novidade desta Bienal foram os seis terminais de computador para consulta pública. Ilustres convidados vieram para o evento, como o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marquez e Umberto Eco. A delegação cubana teve problemas com os vistos de entrada no país e quase não participou da Bienal.

1986 - 9ª BIENAL
Em 1986 houve um fenômeno de vendas. Mais de 750 mil livros foram vendidos -eram os anos do Plano Cruzado. O espaço de circulação foi ampliado para 7.600 m2 e os serviços melhoraram. A vedete da feira foi a prensa de Gutemberg, trazida da Alemanha e operada por um tipógrafo.

1988 - 10ª BIENAL
As vendas na 10ª Bienal caíram drasticamente em relação à anterior: 290 mil livros vendidos. Os preços médios estavam salgados, o que contribuiu para afugentar os compradores. A imprensa destacou desta vez a mescla do bom e do mau gosto -com predomínio do último.

1990 - 11ª BIENAL
A Bienal de 1990 ocupou 12 mil m2. O presidente da CBL na época declarou que a Bienal era um "perfeito supermercado de livros". Cerca de 500 títulos foram lançados, entre eles "Seis Propostas para o Próximo Milênio", de Italo Calvino. Quase 1 milhão de pessoas visitou a Bienal.

1992 - 12ª BIENAL
A setorialização dos estandes facilitou a vida de quem visitou a 12ª Bienal, com áreas destinadas a infanto-juvenis, livros técnicos e estrangeiros. O número de estandes subiu para 225 e a área total também aumentou, chegando aos 18 mil m2. O público se manteve em torno de 1 milhão.

1994 - 13ª BIENAL
Com ingressos na nova moeda, o real (R$ 3,00), a Bienal de 1994 recebeu sinalizações coloridas e uma nova programação visual .A setorialização dos estandes foi mantida. O faturamento foi de US$ 66 milhões.

1996 - 14ª BIENAL
Depois de 26 anos no Pavilhão do Ibirapuera, a Bienal se muda para o Expo Center Norte. Mesmo com o ingresso mais caros (R$ 5,00), o evento recebeu quase 1,5 milhão de visitantes. Houve uma invasão de CD-ROM no mercado de livros. Os mais vendidos foram "O Homem Que Fazia Chover", de John Grisham, e os clássicos de bolso da Paz e Terra. O faturamento total ultrapassou os US$ 80 milhões.

(Maurício Santana Dias)



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