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Filmoteca básica
Lola
CRISTIANO MASCARO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Assisti aos 20 e poucos anos -nessa época em que
costumamos ficar marcados por toda a vida- a
"Lola" [foto], de Jacques Demy, um dos primeiros diretores da "nouvelle vague". Lançado em
1961, "Lola" me marcou por ser estrelado por Anouk Aimée, que deixa qualquer jovem apaixonado e continua
belíssima até hoje. Foi fotografado em preto-e-branco
por Raoul Coutard, um dos grandes diretores de fotografia do cinema e que fez muito minha cabeça, me introduzindo nesse mundo da imagem em preto-e-branco.
Sua história é apaixonante. Anouk Aimée faz Lola, uma
dançarina de cabaré de Nantes. Ela tem vários namorados, mas um específico, por quem se apaixona, parte para os EUA com a promessa de que um dia voltaria, depois
de fazer fortuna -e, sem saber, a deixa grávida. O filme
passa a entrelaçar, sem grande complicação, a idéia de
passado, futuro e presente -sua expectativa, aos 25
anos, em relação ao amado, convivendo no cabaré com
uma senhora de 60 anos e uma menina de 14. E cada uma
representa uma geração. A menina, que também se chamava Cécile -o mesmo de Lola, que era nome artístico-, representa seu passado, enquanto a senhora é a
imagem de seu futuro.
O filme também foi precursor de algo que hoje caiu em
desuso: a mais bela cena em "slow-motion" [câmera lenta], mostrando um dos namorados de Lola, brincando
com a pequena Cécile em um carrossel.
Cristiano Mascaro é fotógrafo, autor de "São Paulo" (Senac).
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