UOL


São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JOSELY VIANNA BAPTISTA

A FÊNIX QUE SE ENGENDRA NO FOGO QUE A DEBELA
Entre cinzas ardentes num sopro tudo vela
Três sereias que fogem de estreitos perigosos
E ressurgem entoando seus cantos prazerosos
Com a máquina voadora se estreitam por sua vez
A águia e a fênix e o pihis chinês
Zanza agora em Paris sozinho entre a gente
A seu redor ônibus rodam em rebanho mugente
Os desgostos do amor quase o deixam sem ar
Como se nunca mais lhe fosse dado amar
Vivesse noutros tempos teria ingressado num mosteiro
Fica sem jeito ao se pegar rezando qual cordeiro
Troça de si e soa a fogo do Inferno seu riso-estalido
Doura o fundo de sua vida esse faiscar de brasido
É um quadro pendurado num museu sombrio
Que às vezes você fica olhando horas a fio
Hoje anda por Paris as mulheres estão vermelho-sangue
Era isso e eu queria esquecer que a beleza ia ficando exangue
Entre chamas ardentes Notre-Dame contemplou-me em Chartres
Sangue de vosso Sacré-Coeur inundou-me em Montmartre
De ouvir o verbo bem-aventurado eu tornei-me céreo
O amor que me atormenta é um mal venéreo
A imagem que o invade o faz sobreviver insone e em agonia
Está sempre por perto a imagem fugidia
Você respira agora ares mediterrâneos
Sob o florir perene dos limoeiros litorâneos
Com os companheiros sai de barco a passeio
Dois da Turbie um de Menton de Nice o terceiro
Espreitamos os polvos do fundo com pavor
E entre as algas nadam peixes símbolos do Salvador


Texto Anterior: Marcos Siscar
Próximo Texto: Mário Laranjeira
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.