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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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INDÚSTRIA CULTURAL

Com o termo "indústria cultural", Adorno se propõe a explicar a arte consumida pelas massas, uma mercadoria que não é mais produzida pelo trabalho artesanal, mas conforme o modelo da manufatura e da grande indústria. Seu diagnóstico se contrapõe ao de Walter Benjamin; este confiava no potencial criativo desencadeado pela cooperação e o defendia na expectativa da "politização da arte". Na perspectiva de Adorno, na indústria cultural, as massas não são o elemento ativo, mas pura passividade. Têm-se assim não apenas uma nova forma de despolitização da sociedade, mas um instrumento de domínio e integração social.
A indústria cultural se insere no amplo quadro de administração do "tempo livre". A organização do lazer em função da valorização do capital promove uma racionalização de procedimentos que expande a reificação (e prolonga a não-liberdade) da esfera da produção e do mundo do consumo para o âmbito da vida imediata. A integração da consciência, adverte Adorno, nunca é, no entanto, total.
Por fim, os produtos da indústria cultural são confrontados com o ideal artístico de representação da "vida verdadeira". Mercadorias no sentido integral da expressão, tais produtos, construídos em função do efeito visado, abolem a autonomia da obra de arte, logo, a possibilidade desta atuar como fonte de conhecimento, como reserva utópica e sobretudo como atividade emancipadora.

(RICARDO MUSSE)


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