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Compra coletiva vira 'desova' de pirataria

Com ofertas de tablets a óculos de grife, sites vendem contrabando

Entre os itens estão até iPhone 4S e tablet da HP, que não foram lançados oficialmente no mercado nacional

CAMILA FUSCO
DE SÃO PAULO

Depois da onda de venda de serviços em gastronomia, turismo e estética, os sites de compra coletiva começam a dar vazão a produtos de consumo, entre eles eletrônicos e acessórios pirateados.

Em levantamento feito nesta semana pela Folha com 700 ofertas veiculadas pelos principais agregadores de sites do gênero do país -SaveMe e ApontaOfertas-, foram encontrados cerca de 180 anúncios com indícios de venda irregular.

Os campeões são tablets, notebooks, netbooks e celulares. Os principais problemas são equipamentos falsificados, sem marca e até aparelhos originais que não foram lançados no Brasil.

Acessórios pirateados como bolsas, óculos e perfumes de marcas internacionais também entram na lista.

Entre as ofertas encontradas estava o iPhone 4S, de 16GB, vendido pelo site Tripular com 32% de desconto, de R$ 2.500 por R$ 1.699. Até ontem, 264 unidades tinham sido comercializadas.

Outro caso é do tablet TouchPad, da HP, com 32 GB de capacidade, à venda no site Descontos Urbanos por

R$ 869,90, que vendeu cupons a 66 compradores.

Em nenhum dos dois casos os produtos estão à venda oficialmente no Brasil. O tablet da HP nem tem certificação da Anatel, registro concedido após testes técnicos que garantem normas de segurança ao mercado brasileiro.

Entre os casos mais gritantes também estão as memórias portáteis da Kingston anunciadas como "os maiores pen drives do mundo" no site Offerta Coletiva, com 256 GB, por R$ 85,90.

Segundo a Kingston, o modelo original só é vendido pela loja on-line da marca no Brasil e custa R$ 2.790, o que indica que o produto comercializado no portal pode não ter a capacidade alegada.

"Os sites de compra coletiva são outro canal que os 'camelôs on-line' encontraram para desovar os produtos ilegais", diz Tiago Camargo, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.

COMPRADOR LESADO

Embora atraídos pelos preços convidativos, os consumidores devem ficar atentos à procedência dos aparelhos e à garantia de que eles serão mesmo entregues.

Segundo Polyanna Carlos Silva, supervisora institucional da Pro Teste, associação de defesa do consumidor, entre as ofertas com problemas em potencial estão as que propõem a importação do eletrônico direto da fonte, principalmente da China ou dos Estados Unidos.

"Há risco de esse material ser apreendido na alfândega e nem sequer chegar", diz.

GRANDES DÃO EXEMPLO

Segundo Renan Ferraciolli, diretor de fiscalização do Procon-SP, os grandes sites de compra coletiva não trabalham mais com importação direta após problemas.

Um deles foi o ClickOn, que sofreu com a falta de entrega de tablets por parte de um dos parceiros. Também instituiu um "pente-fino" para monitorar o estoque e as notas fiscais de procedência.

De acordo com Ferraciolli, uma alternativa para o consumidor é pesquisar a reputação e tentar entrar em contato com o site em quee encontrou a oferta antes de efetuar a compra.

As informações podem ser obtidas no site do Sistema Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (Sindec).

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