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Análise/Agricultura

Apesar da crise, 2011 foi bom para os produtores de milho

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Apesar do agravamento da crise internacional, pode-se afirmar que o ano de 2011 foi extremamente interessante para os produtores de milho. Os números relacionados ao setor demonstram o crescimento da dinâmica desse mercado e retratam a razão de a commodity ter se tornado alvo de grande interesse por parte dos investidores.

Na safra 2010/11, a demanda global por milho registrou crescimento de 27,6 milhões de toneladas, enquanto a produção avançou somente 8,3 milhões, sendo prejudicada pela frustração de safra nos Estados Unidos.

Nesse contexto, os estoques mundiais de passagem do cereal registraram retração de 15,8 milhões em relação ao ano agrícola 2009/10.

O uso do milho para fins industriais foi o grande responsável pelo crescimento da demanda. Na safra 2010/11, o aumento estimado do consumo foi de 22,1 milhões de toneladas -a demanda do cereal para consumo animal cresceu 5,5 milhões.

Destaca-se nesse cenário o consumo de milho destinado à produção de etanol nos Estados Unidos. Estima-se que o consumo norte-americano de milho para a produção do biocombustível tenha alcançado 124,5 milhões de toneladas na safra 2010/11 (mais 8,4 milhões ante 2009/10).

O quadro de deterioração dos estoques mundiais de milho ocasionou alta expressiva dos preços internacionais do cereal. Em 2011, os preços médios do grão negociados na Bolsa de Chicago foram 59% superiores em relação à média praticada em 2010.

O cenário internacional acabou por favorecer o Brasil, que ampliou as exportações. O país caminha para exportar cerca de 9,5 milhões de toneladas em 2011.

A valorização expressiva dos preços do milho, seja no Brasil, seja no mercado externo, está estimulando os produtores a investir na cultura em 2011/12.

Mundialmente, espera-se crescimento de 5,1 milhões de hectares na área cultivada, o que, em condições normais de clima, poderia gerar incremento da produção global de 40 milhões de toneladas.

Mesmo diante de um cenário de expectativa de nova safra recorde, ainda assim haveria queda nos estoques mundiais em cerca de 1 milhão de toneladas. Esse cenário favoreceria a manutenção dos altos preços externos.

No entanto, frise-se que as incertezas em relação ao futuro da economia em 2012 ainda poderão gerar muita instabilidade nos preços do milho, a despeito de seus fundamentos sólidos para a manutenção dos preços altos.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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