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Preço de eólica fica acima do esperado

Tarifa média em leilão de energia fica superior à de usinas hidrelétricas, diferentemente da expectativa de mercado

Contratação de energia a preços menores é a principal forma de reduzir a tarifa aplicada na conta do consumidor

Joel Silva - 18.abr.11/Folhapress
Pás geradoras de energia para usinas eólicas na indústria Wobben, em Sorocaba (SP); fonte domina último leilão do ano
Pás geradoras de energia para usinas eólicas na indústria Wobben, em Sorocaba (SP); fonte domina último leilão do ano

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO

O último leilão de energia deste ano, realizado ontem pela Aneel (agência reguladora do setor de energia elétrica), terminou com preço médio de R$ 102,18 por MWh (megawatt-hora) contratado, um deságio médio de 8,77%.

Deságio é a diferença entre a tarifa-teto e o lance dado. Vence o leilão quem oferece o menor valor.

O deságio foi inferior ao de agosto, quando a disputa gerou redução de 26% nos preços. A contratação do megawatt-hora de energia a preços menores é a principal forma de reduzir a tarifa aplicada na conta de luz do consumidor.

O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, disse que a queda do deságio tem relação com a redução do preço de partida entre o primeiro e o segundo leilões. "Em agosto, os preços da geração eólica começaram em R$ 140 o MWh. Neste leilão [o de ontem], foram de R$ 112."

No geral, entre as fontes eólica, hídrica e biomassa, o país contratou 1.200 MW em capacidade de geração, projetos que terão de produzir energia a partir de 2016. Todos os projetos vão exigir investimento de R$ 4,3 bilhões.

Apesar da grande quantidade de projetos eólicos, os preços dessa fonte no leilão terminaram em patamar mais alto do que o de hidrelétrica.

O grande número de empreendimentos eólicos no leilão havia aberto a possibilidade de essa fonte alcançar valores de hidrelétricas. Da oferta de 6.286 MW habilitada pela EPE para disputar o leilão, 81,9% (ou 5.149 MW) eram de eólicas.

Na média, os preços das eólicas foram de R$ 105,12, superando os R$ 99/MWh em agosto e acima das grandes hidrelétricas, que alcançaram, nos leilões anteriores, valores de R$ 80/MWh.

Segundo a presidente da Abeeólica (Associação Brasileira da Energia Eólica), Elbia Melo, a conjuntura do mercado brasileiro e mundial mudou de agosto para cá. Isso explica a impossibilidade de queda do preço.

"As condições de mercado mudaram, como a taxa de câmbio. Mas o valor alcançado neste leilão não foi tão diferente do anterior. De qualquer forma, 2011 termina como o ano da eólica no Brasil."

Ontem, as eólicas dominaram. Dos 42 projetos contratados, 39 foram de eólicas. O país já tem contratados 8.500 MW em energia dos ventos. O desafio é instalá-los. O governo criou mecanismos para acionar as garantias financeiras caso perceba que a usina não ficará pronta no prazo.

HIDRELÉTRICAS

Apenas um dos dois projetos hidrelétricos foram contratados no leilão de ontem. A usina São Roque, que será instalada no rio Canoas (SC), foi negociada a R$ 91,20 o MWh, o menor do leilão. As três usinas do complexo do rio Parnaíba, entre o Maranhão e o Piauí, não receberam oferta.

As autoridades do setor elétrico tiveram enorme dificuldade em incluir projetos hidrelétricos nessa disputa. Usinas como São Manoel e Sinop, ambas no rio Teles Pires (MT), não entraram no leilão por falta de licença ambiental. Térmicas a gás também ficaram de fora por causa da falta de gás natural.

O próximo leilão de energia no país ocorre em março.

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