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Vinicius Torres Freire

Obama, o fraco, respira

Presidente atolou-se na crise, mas espírito de porco dos republicanos pode ajudar democratas em 2012

A POPULARIDADE DE Barack Obama aumentou neste final de ano: 49% dos americanos aprovam seu governo, segundo pesquisa patrocinada pela TV CNN. É o espírito de Natal (ou de "Festas", como eles agora dizem por lá, o ecumenismo politicamente correto "oblige")?

Mais provável é que o espírito de porco do Partido Republicano tenha dado alguma alento à esperança de reeleição de Obama.

A economia americana despiora, parece. Mas em relação ao quê? Melhorou bastante em relação ao exagerado medo de recessão que estava no ar em meados do ano. No que mais melhorou? Vai melhorar mais?

Em novembro de 2011, o salário médio por hora no setor privado era 1,8% maior que em novembro de 2010. A inflação foi maior (qualquer que seja a medida utilizada de inflação ao consumidor). Ou seja, o salário médio real no setor privado caiu, em termos reais.

O desemprego caiu, em parte por desalento dos desempregados, em parte, provavelmente, devido à animação das festas de fim de ano. Há menos gente a pedir seguro-desemprego. Mas o número de pedidos semanais ainda é típico de crises.

Nos últimos três anos, os americanos e Obama comeram o pão da recessão e da crise que George Bush amassou. O crescimento médio da do PIB não terá sido maior que 0,4% ao ano desde a posse de Obama (2009) até o final de 2011.

Há um blá-blá sobre melhoras no mercado imobiliário. De novo, pergunta-se: melhor em relação ao quê? Há mais de 4 milhões de de hipotecas (financiamentos imobiliários) com atrasos de três meses ou que deram em processo de despejo. Há 3,2 milhões de casas vagas à venda, o equivalente a oito meses de venda (no ano horrível de 2008, o estoque dava para 11 meses).

As taxas de juros "básicas" (o custo de financiamento da dívida do governo) estão em níveis de recessão. Um título da dívida de dez anos rende pouco mais de 1,8% ao ano. Foi a média de novembro, a mais baixa em meio século. Isso significa que americanos (e parte do resto do mundo) preferem estacionar dinheiro no cofre do Tesouro dos EUA a investir em algo útil.

Os mercados financeiros voláteis (e vão continuar assim em 2012) não animam o consumidor americano, que coloca o dinheiro da aposentadoria e da escola dos filhos nas Bolsas. Sim, os americanos estão algo menos desanimados. Mas quanto?

Pode ser que as coisas continuem a melhorar, um pouco, desde que a Europa colabore. Mas não só.

O Partido Republicano continua com seu programa de "quanto pior, melhor" (para a oposição), para nem mencionar aquelas facções do partido que realmente acreditam que desmontar o Estado de hora para outra é necessário e/ou viável.

Nestes dias, os republicanos estão para derrubar a prorrogação do imposto reduzido da Previdência deles (que vai tirar em média US$ 1.000 por ano do bolso de 160 milhões de americanos) e do seguro-desemprego ampliado. Podem prejudicar até os idosos (65 anos), que têm direito a seguro-saúde, o Medicare.

Os republicanos podem, pois, prejudicar o eleitorado diretamente e ainda a recuperação econômica. Talvez seja por isso que Obama, mesmo presidindo um país estagnado e tendo feito pacto com a elite financeira que quebrou o país, talvez tenha esperança eleitoral.

vinit@uol.com.br

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