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Commodities

Vale decide colocar 19 supernavios à venda

Empresa afirma que vai focar recursos em minério e centros de distribuição e nega relação com acidente no Maranhão

Comprador terá que alugar o navio à mineradora por 20 anos; 15 embarcações estão em construção

DO RIO

A Vale decidiu colocar à venda 19 supernavios encomendados a estaleiros chineses e coreanos em 2008 e 2009 e focar investimentos na área de minério de ferro.

Ao mesmo tempo, a mineradora aposta na instalação de centros de distribuição próprios na Ásia para atender ao mercado do continente, que absorve cerca de 70% de sua produção.

José Carlos Martins, diretor-executivo de Ferrosos e Estratégia da Vale, negou que a decisão de vender os navios tenha relação com o acidente com o cargueiro que prestava serviço para a Vale em São Luís (MA). A embarcação apresentou rachaduras no taque de combustível.

Segundo ele, a venda está condicionada a um contrato de aluguel de longo prazo (20 anos) das embarcações, que continuarão a transportar o minério da Vale.

"Essa é a condição básica. Não mudamos a nossa estratégia de ter uma frota dedicada [à Vale]. Mudamos apenas a estratégia de alocação de capital", disse.

A Vale investiu US$ 2,1 bilhões nos supernavios (400 mil toneladas) durante a gestão do ex-presidente Roger Agnelli, que saiu em maio.

Já recebeu 4 das 19 embarcações. Outras 15 estão em construção, e a decisão é repassar a encomenda a

empresas interessadas.

A ideia de Agnelli era criar uma rota exclusiva para a China e fugir dos elevados custos de frete, que bateram em US$ 100 a tonelada em 2008 pela carência de navios.

Para Martins, a decisão deu resultado no período, mas "sempre é melhor" ter contratos longos de aluguel.

Só com baixo custo de transporte, diz, a Vale conseguirá fazer frente à desvantagem da grande distância entre o Brasil a China, seu principal cliente.

A Vale paga, em média, US$ 25 por tonelada de frete, numa viagem de 45 dias até a China. Já suas concorrentes australianas gastam US$ 10 por tonelada num percurso de apenas dez dias.

Para ganhar eficiência e manter estoques próximos à China, a Vale investe na instalação de centros de distribuição em Omã (US$ 300 milhões) e na Malásia (US$ 1,5 bilhão). O primeiro já entrou em operação. O segundo está previsto para 2014.

Os centros também ajudam a driblar a restrição dos portos chineses aos supernavios. Hoje, a Vale precisa "aliviar" a carga das embarcações em portos da Europa e em Omã e seguir viagem com menos peso. Ou redistribuir o carregamento em navios menores.

(PEDRO SOARES)

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