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Estrangeiros 'barram' superelétrica no país

Compra de fatia da portuguesa EDP por empresa chinesa dificulta plano de criar grande distribuidora brasileira

Participação era disputada pelas estatais Eletrobras e Cemig; espanhola Iberdrola deve manter Neoenergia

JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO

O plano de criação de uma "superelétrica" brasileira ficou praticamente enterrado ontem com a venda de 21,5% da EDP (Energias de Portugal) para a CTG (China Three Gorges, Três Gargantas) por R$ 6,5 bilhões.

A participação pertencia ao governo português, que negociava a venda com quatro empresas estrangeiras

-Eletrobras, Cemig, E.ON e a chinesa CTG.

A Folha apurou que a Cemig já mantinha negociação anteriormente com a EDP pela compra de seus ativos no Brasil (as distribuidoras Bandeirantes e Escelsa). O objetivo era criar um "cinturão" energético no Sudeste.

Esse "cinturão" incluiria ainda a Ampla e a Coelce, controladas pelos espanhóis da Endesa. Juntas, elas distribuiriam mais energia do que produz Itaipu Binacional.

Caso se tornasse sócia da EDP, fazendo parte do controle da companhia de energia portuguesa, os planos da Cemig de criar uma "superelétrica" ficariam mais fáceis.

Mas, com a vitória da CTG, que constrói na China a maior hidrelétrica do mundo, são mínimas as chances de que a EDP venda seus ativos no Brasil, onde o mercado está em franca expansão.

Pelo acordo anunciado ontem, os chineses investirão R$ 4,8 bilhões até 2015 na EDP. Nesse período, os portugueses terão de investir a mesma quantia como contrapartida. Para isso, já fecharam um compromisso firme de financiamento junto a uma instituição financeira chinesa também no valor de R$ 4,8 bilhões com prazo de pagamento de 20 anos.

FOLGA

Com o financiamento, a EDP conseguiu ainda uma folga de dois anos para a cobertura de suas necessidades de financiamento, baixando o endividamento para níveis considerados sustentáveis até meados de 2015, algo que abre caminho para novos financiamentos.

Outro projeto de "superelétrica" em risco é o da CPFL, controlada pela construtora Camargo Corrêa e pela Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil).

Os planos da CPFL eram adquirir os ativos da Neoenergia, distribuidora que tem como sócios os espanhóis da Iberdrola, o Banco do Brasil e também a Previ -que dava preferência à CPFL na compra do controle.

ACORDO

Mas a Iberdrola avançou nas negociações e deve ficar com a companhia. O acordo, que deve ser anunciado ainda neste ano, prevê a entrada do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como sócio, única exigência da presidente Dilma Rousseff, que já teria dado sinal verde para a efetivação do negócio.

A Folha apurou que a presidente Dilma quer que o governo tenha participação na empresa por questões estratégicas, mas o governo desistiu dos planos de estimular a criação de uma "superelétrica 100% nacional".

Iberdrola e Neoenergia não comentam as negociações. A Previ nega que elas estejam em andamento.

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