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Estudo indica que obra trará mais impactos negativos que positivos

DO ENVIADO A ILHÉUS

Dos 98 impactos -biótico, socioeconômico e físico- previstos com a implantação do complexo do Porto Sul em Ilhéus, 84 são negativos, segundo o relatório ambiental apresentado pelo governo da Bahia ao Ibama.

Entre os que mais preocupam as autoridades e a população local estão a supressão de toda a cobertura vegetal da área e o reassentamento de ao menos 40 famílias localizadas na região oeste do empreendimento.

A supressão da mata poderá causar o assoreamento de mananciais, alteração do microclima, fim do habitat e morte de animais. A população se preocupa com a poluição do ar causada pelo material proveniente da movimentação do minério.

O maior receio com a obra, no entanto, é o fim da paisagem local e a contaminação marinha. A faixa de areia dará espaço a uma ponte por onde passarão caminhões e carregamentos por esteiras e dutos, até o alto-mar.

A presidente da rede de comunidades do litoral norte de Ilhéus, Telma Nanci Ruis Almeida, 53, afirmou que a região não está preparada para o empreendimento. Ela tem uma barraca na praia e não sabe se terá de sair.

Para Severino Soares Agra Filho, professor da Universidade Federal da Bahia, o estudo de impacto ambiental não tem elementos suficientes para uma decisão abalizada com os requisitos sociais e ambientais da região.

Ele defende que o projeto seja revisto e uma alternativa mais favorável seja apresentada. "O estudo precisa explicitar as incertezas das avaliações de forma a orientar os agentes de decisão sobre a margem dos riscos."

Segundo o relatório ambiental do governo, muitos impactos podem ser reduzidos. Para vegetação, o governo prevê conservação de áreas verdes, programas de recomposição de matas e evitar as erosões em mananciais.

Com relação às famílias reassentadas, o governo promete manter a qualidade de vida. "A mudança será para propriedades com características produtivas iguais ou melhores que as atuais", disse o coordenador da Casa Civil, Eracy Lafuente Pereira.

O diretor-presidente da Bahia Mineração, José Francisco Viveiros, afirmou que o vento é uma grande preocupação para a formação de pilha de minério de ferro, mas que medidas serão tomadas para evitar a poluição.

Diversos protestos contra o porto já foram organizados na região. Um grupo formado por oito instituições, entre elas o Greenpeace, acompanha o projeto.

(VBF)

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