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Argentino terá que 'justificar' importações

Em escalada protecionista, governo terá 15 dias úteis para aprovar ou não; calçado brasileiro deve ser prejudicado

Segundo Câmara de Importadores, 82% de compras são de peças, máquinas e matérias-primas para indústria

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O governo argentino publicou ontem no "Diário Oficial" a regulamentação da medida anunciada durante a semana que estabelece mais um mecanismo para autorizar a importação de produtos.

A resolução diz que o objetivo é "realizar análises para impedir que o mercado interno se veja afetado negativamente, já que a importância qualitativa e/ou quantitativa das importações a serem efetuadas tem a característica de impactar sobre o comércio interior".

Assim, as aprovações das importações serão feitas pelo Secretaria de Comércio Interior, a cargo do superfuncionário Guillermo Moreno -é ele também o responsável pela intervenção do governo no Indec (o IBGE argentino) e de levar a cabo as ações do governo contra a Papel Prensa.

A partir do dia 1º de fevereiro, portanto, os importadores argentinos terão de apresentar uma declaração antecipada justificando a compra de produtos estrangeiros. O prazo para a aprovação deve ser de 15 dias úteis. O governo busca, assim, equilibrar a balança comercial do país e evitar a fuga de capitais. Trata-se de mais uma medida protecionista do governo Cristina Kirchner.

Houve forte reação negativa por parte dos empresários nos últimos dias. Segundo a Câmara de Importadores da Argentina, cerca de 82% das importações destinam-se a indústrias. São peças, máquinas e matérias-primas para fábricas locais.

"A Argentina não tem um monte de coisas e não vai passar a ter de um dia para o outro, então precisamos importar", disse à Folha Diego Pérez Santisteban, presidente da entidade.

Do total de importações, ainda, 7% são automóveis, que vêm essencialmente do Brasil, e 11% são bens de consumo, que incluem calçados, toalhas, lençóis e outros, muitos deles fornecidos por vendedores brasileiros.

"Não creio que o setor automotivo brasileiro tenha de se preocupar, porque o acordo entre os dois países é forte. Já o setor de calçados e outros menores terão suas vendas decididas caso a caso. Vai aumentar o clima de negociação constante que já existe entre os dois países."

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