Mercado/Tec
Nintendo sai do Brasil e culpa impostos
Executivo da empresa diz que custos altos de importação impedem operação; assistência e garantia continuarão
Fábrica de consoles e jogos no país, que baratearia custos, foi considerada 'algo impossível' de ser feito
A Nintendo anunciou nesta sexta (9) que deixará de distribuir seus produtos oficialmente no Brasil. Isso ocorre porque a representante da companhia no país nos últimos quatro anos, Gaming do Brasil, fechou as portas.
O principal motivo para a saída, segundo a empresa japonesa, são as tarifas sobre importação impostas pelo país. "O modelo de distribuição que havíamos adotado simplesmente não era mais sustentável", disse Bill van Zyll, diretor e gerente-geral para América Latina.
"Os custos de importação no Brasil são muito altos, e isso fazia com que o preço dos produtos subisse muito no mercado", afirmou.
A Nintendo nunca fabricou seus produtos no Brasil. Segundo van Zyll, a empresa já considerou abrir uma unidade de produção por aqui em mais de uma oportunidade, mas, a curto prazo, "seria algo impossível por muitos e diferentes motivos".
A assistência técnica e a garantia dos produtos da Nintendo no país são atendidas por outra empresa e continuarão a ser oferecidas normalmente, disse a empresa.
MENOS BRASIL
A falta de ação da Nintendo no mercado brasileiro foi evidente nos últimos tempos.
A companhia não esteve presente nas duas edições mais recentes da Brasil Game Show, principal evento de games da América Latina que acontece anualmente em São Paulo.
A loja virtual do Wii U nem sequer possui versão nacional. Já o comércio on-line do Nintendo 3DS enfrenta problemas com consumidores brasileiros há mais de um ano, devido a mudanças nas regras de transação por cartão de crédito internacional.
No fim de 2013, algumas instituições financeiras do país, como os bancos Itaú e Bradesco, passaram a impedir a efetuação de compras com cartão de crédito em sites que apresentam o preço em reais, mas cobram em moedas estrangeiras.
A Sony e a Microsoft contornaram o problema rapidamente, mas a questão persiste na loja da Nintendo até hoje. De acordo com Van Zyll, a companhia tem enfrentado dificuldades para resolver o problema porque as lojas virtuais não pertencem diretamente à Nintendo.
CRISE
A Nintendo, que vem de três anos fiscais seguidos de prejuízo, não conseguiu acompanhar o ritmo de venda das companhias rivais na última geração de consoles.
As vendas do Wii U --cerca de 7,3 milhões de unidades, um dos números mais baixos da história para um produto da empresa-- foram consideradas oficialmente um fracasso pela empresa.
O número é bem inferior ao do Playstation 4, que vendeu 18,5 milhões de unidades desde o seu lançamento, de acordo com a fabricante Sony. Em novembro, a Microsoft disse ter vendido 10 milhões de unidades do Xbox One.