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Sacolinha estimula reciclagem de orgânico

Ambientalistas apostam em embalagem biodegradável para o desenvolvimento de usinas de compostagem

Menos de 2% do lixo orgânico passa por tratamento que produz húmus e fertilizantes para uso na agricultura

Luiza Sigulem/Folhapress
Parque fabril da Extrusa, que faz saco compostável em Guarulhos
Parque fabril da Extrusa, que faz saco compostável em Guarulhos

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O fim da sacolinha plástica nos supermercados paulistas, que será substituída a partir de amanhã pelas similares biodegradáveis, é uma das maiores apostas dos ambientalistas para tirar do papel a indústria brasileira de compostagem de lixo orgânico, hoje a mais atrasada das cadeias de reciclagem.

A compostagem é o processo industrial de decomposição de material orgânico, como restos de alimentos, feita por micro-organismos e que produz húmus e fertilizantes para a agricultura. A nova sacolinha está preparada para abrigar matéria orgânica e seguir para a compostagem.

Diferentemente das reciclagens de latinhas de alumínio, caco de vidro, papel e plástico, que já existem em diferentes escalas no país, a compostagem mal engatinha.

A estimativa é que funcionem cerca de 300 usinas de compostagem, a maioria ligadas a laboratórios e projetos pilotos de universidades. Segundo o IBGE, menos de 2% do lixo orgânico brasileiro passa por um processo de tratamento de compostagem.

No Brasil, o lixo orgânico representa mais de 50% dos resíduos sólidos residenciais. É ele que representa os maiores riscos para a saúde pública -restos de alimentos entram em decomposição assim que são descartados, atraem insetos e ratos, geram odores desagradáveis, produzem chorume e propicia a proliferação de micro-organismos causadores de doenças.

Reciclar o lixo orgânico é um desafio na maioria dos países do mundo, mesmo onde a coleta seletiva está mais avançada, como na França e no norte da Europa. Nesses países, só agora as metas de redução de gás metano por conta do efeito estufa estimulam a compostagem.

O metano é produzido nos aterros sanitários, técnica de tratamento que o Brasil adota para substituir os lixões.

NEGÓCIO DE ESCALA

Segundo André Vilhena, diretor do Cempre (Compromisso Empresarial para a Reciclagem), a compostagem está atrasada porque depende de escala e da coleta seletiva, que tem previsão de chegar a todas as cidades em 2014.

Para Vilhena, à medida que ocorrer a coleta seletiva, o lixo doméstico coletado nas cidades deverá se converter em lixo orgânico, seguindo direto para compostagem.

"Quando se retiram os resíduos sólidos recicláveis, como vidro, metal, plástico, o que sobra é quase sempre lixo orgânico. O fim da sacolinha plástica trabalha a redução do uso, que tem um ganho ambiental importante."

"Mesmo que a sacolinha biodegradável não vá parar em uma usina de compostagem -provavelmente, ela vai para um aterro ou para um lixão-, o uso dela representa um avanço em relação ao plástico. No aterro, ela vai sofrer um processo de degradação que demora mais tempo do que na compostagem, mas que é muito menor do que o do plástico comum", disse Mônica Abreu Azevedo, pesquisadora do Lesa (Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental) da Universidade de Viçosa (MG).

O plástico demora cem anos para se degradar.

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