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Análise / Pecuária

Uso da genética avança no setor, mas ainda é insuficiente

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Duas informações importantes para a pecuária brasileira saltam aos olhos de quem avalia o relatório do uso de genética (sêmen) referente a 2011 divulgado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial.

Em primeiro lugar, o crescimento de 23% em apenas um ano, atingindo 11,9 milhões de doses ante 9,6 milhões em 2010, é demonstração do processo de melhoria do gado brasileiro do ponto de vista da produtividade.

Usar genética independe da raça criada. Trata-se de um passo dado pelos pecuaristas que estão convencidos da necessidade de produzir mais e melhor.

Há um outro indicador a ser festejado. Trata-se do uso de inseminação artificial por mais de 10% das vacas. Esse é um grande avanço para a pecuária brasileira.

Historicamente, sempre se falou em uso de sêmen entre 5% e 7% das fêmeas. O crescimento detectado coloca a atividade em um novo caminho, que, esperamos, seja de mão única.

DESAFIO

O rebanho bovino brasileiro gira em torno de 200 milhões de cabeças, pelo levantamento do Ministério da Agricultura. Estima-se que sejam de 40 milhões a 50 milhões de fêmeas em idade reprodutiva, incluindo para corte e para leite (de raças puras ou cruzadas).

Considerando os dados divulgados pela Asbia, em torno de 4 a 5 milhões de vacas são inseminadas no país. Porém, sobram ainda no mínimo 35 milhões de fêmeas cobertas nas fazendas.

Esse é o desafio da pecuária brasileira, especialmente avaliando a necessidade de alimentos para suprir a demanda global e o excepcional potencial do país para contribuir para atender esse consumo crescente.

Já não basta que cada uma dessas fêmeas tenha um bezerro por ano -o que efetivamente não ocorre. É preciso que essa cria cresça rápido, ganhe peso e adquira musculatura o mais rápido possível.

Em outras palavras, a inseminação artificial tem grande importância no processo, mas a produção de touros avaliados para cruzamento com as fêmeas que estão fora da estatística da Asbia está entre as prioridades da pecuária nacional.

Há vários projetos de seleção de touros espalhados pelo Brasil, mas o rebanho de reprodutores ainda é insuficiente para atender as necessidades da atividade.

Nesse cenário, há compromissos que precisam ser assumidos tanto pelos produtores de touros, que precisam ampliar a oferta, quando pelos pecuaristas em geral, que devem dar preferência aos machos avaliados. Os benefícios são indiscutíveis.

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado angus, brahman e simental sul-africano, e presidente da ABA.

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