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Morre Eliana Tranchesi, 56, que comandou a Daslu

Ela tinha câncer de pulmão desde 2006 e trabalhava como consultora da marca

Acusada de fraudar a importação de mercadorias, ela vendeu a loja em 2011 para o fundo Laep

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

A empresária Eliana Piva de Albuquerque Tranchesi, 56, antiga dona da Daslu, considerada durante anos o principal centro de luxo do país, morreu na madrugada de ontem em São Paulo.

Vítima de um câncer no pulmão desde 2006, Tranchesi estava internada havia cerca de um mês no hospital Albert Einstein após ter complicações decorrentes de uma pneumonia. O corpo foi enterrado no cemitério do Morumbi, onde ao menos 300 pessoas estiveram presentes.

Desde fevereiro de 2011, quando a Daslu foi comprada por R$ 65 milhões pelo fundo Laep, ela trabalhava como consultora do império que ajudou a construir.

Mesmo doente e com dificuldade de participar do dia a dia dos negócios, fazia planos e tentava manter contato com a equipe da loja. Chegou a montar um escritório em sua casa, onde fazia reuniões e desenhava as coleções.

Em um torpedo enviado há três dias à amiga Patrícia Cavalcanti, atual diretora de marketing e comercial da Daslu, Tranchesi dizia: "Descanse muito em suas férias porque ao voltar teremos muito trabalho com as próximas lojas que vamos abrir".

A morte da Tranchesi coincide com uma tentativa de retomada da Daslu. Sob o comando do Laep, a marca planeja abrir quatro lojas neste ano, uma delas em Brasília.

Os negócios da empresária se consolidaram nos anos 90, com a abertura das importações. A loja foi considerada a porta de entrada de grifes de luxo ao Brasil. E, em suas araras, socialites de todo o país podiam encontrar mais de 300 marcas importadas.

Tranchesi viu a Daslu nascer na sala da casa de sua mãe, Lucia Piva de Albuquerque, em 1958, em sociedade com Lourdes Aranha. Do apelido de ambas, "Lu", veio o nome da loja: Daslu.

Quarenta e sete anos mais tarde, com a abertura de uma megaloja de 17 mil metros quadrados na Vila Olímpia, a Daslu se firmou como o maior templo de luxo.

Os problemas começaram um mês depois. Tranchesi foi detida em julho de 2005 sob acusação de fazer parte de esquema de fraudes de importação. Na ocasião, a Daslu foi alvo da Operação Narciso, com 250 policiais federais.

A ação da PF foi acusada de espalhafatosa. Tranchesi ficou detida por 12 horas acusada de declarar preço menor dos artigos que importava e recolher menos impostos.

A empresária sempre negou ter cometido irregularidades fiscais. Chegou a indagar: "Por que eu? Por que só a Daslu não pode trazer importados para o país? Tem importados em todas as lojas do país. Só na minha não?"

Em 2009, ela e seu irmão Antonio Carlos Piva de Albuquerque, ex-diretor financeiro da loja, foram condenados a 94 anos e seis meses de prisão e detidos. Desde então recorrem da sentença de primeira instância.

A loja entrou com pedido de recuperação judicial em 2010. Foi vendida e quitou dívidas para evitar a falência da marca.

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