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Minha história - Helena Abdalla, 49

Do fogão para a bolsa

Dona de casa aprendeu a mexer no computador e a investir. Em seis meses, passou a viver dos investimentos e começou a dar palestra para outras pessoas

Fotos Alessandro Shinoda/Folhapress
Helena Abdalla analisa gráfico na corretora em que opera e faz uma espécie de estágio
Helena Abdalla analisa gráfico na corretora em que opera e faz uma espécie de estágio

MARIA PAULA AUTRAN
DE SÃO PAULO

RESUMO

Uma dona de casa da zona leste de São Paulo, sem estudo, pediu ao filho que a ensinasse a mexer no computador. De primeira, Helena Abdalla quis saber o que era Bolsa. Aprendeu e duplicou seu patrimônio. Viúva há pouco tempo, ela faz uma espécie de estágio em uma corretora, em que opera, e espera pelo diploma de agente autônomo para trabalhar na área. Enquanto isso, começou reunir pessoas sem experiência no mercado que querem aprender sobre finanças.

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Com 18 anos, eu já estava casada, passei minha vida toda como dona de casa, mãe e esposa. Com 47 anos, eu tive vontade de aprender a mexer no computador e falei com meu filho. Como diziam que tinha tudo na internet, eu falei "deve ter uma forma de ganhar dinheiro, né?"

Na primeira vez que ele foi me ensinar, me perguntou onde eu queria entrar. Eu falei que era no site da Bolsa.

Percorri o site, aprendi como era o investimento, fiz simulado, e falei: "Eu sei como fazer, aprendi tudo, vou colocar dinheiro".

Vi o passo a passo para abrir conta numa corretora, fui colocando o dinheiro da poupança aos poucos e fui ganhando, ganhando. Eu tinha um valor numa poupança e coloquei em três vezes.

Entrei [na Bolsa] em fevereiro de 2009. Até 2010, eu ganhei. Em dez meses deu para dobrar meu dinheiro.

Fui ganhando e meu marido ficou doente. Teve que sair do emprego menos de seis meses depois de eu começar a investir. E a gente começou a viver disso, até hoje.

No início de 2011, meu dinheiro começou a cair. Eu estava vivendo daquilo, mas perdendo, porque o mercado reverteu e eu só sabia operar de um jeito.

A gente se assusta, perder dinheiro! Dá uma depressão até. Aí eu comecei a procurar um emprego nessa área e me falaram que tinha que fazer a prova de agente autônomo.

Passei nessa prova, dificílima. Quando fui fazer, descobri que, para pegar o certificado, tinha que ter o segundo grau e eu tinha parado de estudar na sétima série.

Falei "meu Deus, agora vou ter que fazer ginásio, colegial, um supletivo". Estou fazendo e agora vou fazer as provas para pegar o certificado.

Eu fui participar de uma reportagem na Bolsa e falei que estava perdendo. Disseram que eu falaria com um especialista. Era o Marcelo Coutinho. Estou na corretora dele agora. Foi a pessoa que me tirou do buraco.

Venho todos os dias para cá. Fico aqui na sala de clientes operando para mim e estudo também. Aprendo com o movimento, ele me ensina...

Nunca tinha ouvido falar. O que eu via era na TV aquele pessoal operando, eu nem sabia que agora é on-line. Entrei no site porque acho que alguma coisa dentro de mim dizia que podia ter uma oportunidade. Mas de onde veio? Isso nem eu sei explicar.

PALESTRA

Os meus filhos disseram que têm tanto orgulho de mim, isso foi o maior prêmio. Mas o diferente foi as pessoas de fora que me param na rua. Uma fala para outra... Elas me ligam e aparecem no Facebook para serem minhas amigas porque querem ter noções de investimento.

Isso realmente eu não visava. Eu queria uma melhoria na minha vida. Hoje percebi que posso ajudar outras pessoas. Elas me ouvem porque eu sou da periferia.

Então eu comecei a fazer isso agora: tem bastante gente que quer me ouvir? Eu reúno as pessoas e converso. Às vezes na minha casa. Quando tem perigo de chuva, eu levo as pessoas para um centro espírita na minha rua.

Não recebo, faço isso voluntariamente porque a minha ideia é que as pessoas que não sabem aprendam.

Eu incentivo. Como comigo aconteceu assim, e eu acho que, se alguém tivesse me dado dica, eu estaria usando a pessoa de muleta, acho que a gente tem que somar e multiplicar. Então, eu não dou dica. Eu procuro fazer com que as pessoas se interessem em aprender.

Elas precisam ter esse conhecimento. Não para ganhar dinheiro magicamente, mas para aprender e fazer uma economia doméstica equilibrada e, com o que sobrar, montar um patrimônio.

Na minha palestra eu falei sobre isso, sobre as pessoas adequarem o padrão de vida dentro do salário. Eu até distribuí uma planilha para as pessoas colocarem tudo que ganham e gastam. E, a partir daí, aprender o que vão fazer com aquele dinheiro, como fazer o dinheiro render.

Existem várias modalidades de investimento. Tem que estudar, mas não precisa ter uma formação acadêmica, porque eu não tive e aprendi. Basta se interessar e buscar essa ajuda, na internet mesmo. Dá para começar. Sou adepta do faça você mesmo.

Eu não conhecia ninguém que fazia isso. Saí do fogão e fui direto pra Bolsa.

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