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Bancos se preparam para aumento da inadimplência

Reservas para calotes crescem a ritmo mais forte que expansão do crédito

Maiores provisões para cobrir possíveis perdas com falta de pagamento afetam os lucros das instituições financeiras

ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Os bancos se preparam para uma continuação no aumento dos calotes de consumidores e empresas nos próximos meses.

A recente elevação das reservas destinadas a cobrir prejuízos com inadimplência e dos juros cobrados nos empréstimos indica cautela das instituições financeiras.

Dados do Banco Central mostram que as provisões para empréstimos de recebimento duvidoso feitas pelo sistema financeiro como um todo cresceram a um ritmo superior à expansão do estoque de crédito em dezembro. A tendência se repetiu em janeiro.

É a primeira vez que isso ocorre desde 2009, quando os bancos começaram a elevar suas provisões em consequência dos estragos provocados pela crise mundial.

Os balanços dos bancos referentes a 2011, divulgados nas últimas semanas, mostraram que o temor da inadimplência teve impacto negativo nos lucros.

As provisões para créditos duvidosos de 23 bancos de grande e médio porte cresceram 42,2% em 2011.

O percentual é o dobro da expansão de 19,8% registrada pela carteira de empréstimos dessas instituições, segundo dados compilados pela consultoria Austin Rating.

Para o analista Luís Miguel Santacreu, da Austin, o

aumento das provisões contribuiu para limitar a expansão do lucro dos bancos analisados, que foi de 6,3% no ano passado.

"Os bancos fizeram provisões acima do que determina a lei, o que reflete preocupação com a inadimplência."

EXAGEROS

A inadimplência -principalmente de consumidores- começou a subir no início do ano passado. A desaceleração da economia contribuiu para a tendência.

"A desaceleração sucedeu uma expansão exagerada do crédito e afetou quem estava superendividado", diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).

Segundo Tingas, muitos brasileiros ainda estão aprendendo a lidar com o maior acesso ao crédito.

Alguns consumidores que ficaram pendurados em dívidas culpam a oferta excessiva por parte dos bancos:

"É cartão, cheque especial, quanto mais linhas de crédito você tem, mais dívida você acaba fazendo", diz o auxiliar administrativo Rodrigo Aparecido de Araújo, 29, que ficou inadimplente em 2008 ao perder o emprego e agora tenta limpar seu nome.

Colaborou RICARDO PAVAN SCHWARZ, de São Paulo

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