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Investir em novata da Bolsa exige cuidado

Recomendação é analisar negócios da empresa, mercado em que ela atua e verificar os concorrentes potenciais

Pequeno investidor não deve se "iludir" com oportunidade de ganho rápido com ações das que estreiam na Bolsa

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

O humor do mercado melhorou e voltou a temporada de aberturas de capital de empresas na Bolsa.

Investir em companhias sem histórico na Bolsa, no entanto, merece atenção redobrada do pequeno investidor pessoa física, que costuma ficar com pouca informação nessas operações.

Poucas são as empresas que decidem fazer um material de divulgação "amigável" descrevendo as principais características do negócio e riscos do investimento.

Também ficaram para trás as oportunidades de ganho rápido como no IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da Bovespa, em 2007, quando as ações subiram 52% na estreia, permitindo um ganho altíssimo em apenas um dia de negócios.

Poucos investidores que compraram novas ações de 2009 em diante conseguiram faturar alto numa estreia.

Em análise na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), estão os pedidos de oferta da Isolux, empresa de infraestrutura e de novas fontes de energia; da Seabras Serviços, que atua na exploração de petróleo; da Locamerica, locadora de automóveis; e do BTG Pactual, maior banco de investimento independente brasileiro e especialista em aberturas de capital e em participação em empresas.

Também apresentou pedido de oferta de ações a Qualicorp, gestora de planos de saúde, que já está na Bolsa.

QUESTÃO DE PREÇO

Apesar do bom momento no mercado, a agência de turismo CVC desistiu na semana passada de sua oferta de ações por prever baixa adesão dos investidores. A empresa pode retomar o processo no segundo semestre. No início do ano, a Brasil Travel, outra operadora de turismo, também desistiu da Bolsa.

Para Reginaldo Alexandre, presidente da Apimec-SP (Associação dos Analistas do Mercado de Capitais de São Paulo), o investimento em novatas na Bolsa requer análise profunda do negócio e dos riscos de eventuais mudanças na regulação.

Ele lembra que o investidor também deve ficar atento à possibilidade de entrada de concorrentes potenciais e uma possível saturação do mercado consumidor.

"Não dá para confiar em tendências e modismos como do Facebook e das mídias digitais. Apesar de serem negócios novos e de ramos pouco conhecidos, a análise da empresa e de seu negócio segue o mesmo padrão de setores tradicionais" diz Alexandre.

"Tem de ler prospecto, entender o ambiente da empresa, ver as demonstrações contábeis e fazer conta", afirma.

"O investidor tem que ficar de olho no preço com que sairão as novas ações. No passado, alguns papéis saíram com preço muito alto, diminuindo a chance de valorização logo depois da oferta. Quem comprou esperando ganhar rápido quebrou a cara", diz Ricardo Almeida, professor de Finanças do Insper.

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