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Italianos criticam protecionismo brasileiro

Em evento na Embaixada da Itália em Brasília, autoridades do país dizem que barreiras 'atrasam investimentos'

Para o presidente da Telecom Itália, Franco Barnabè, há 'tentação' de ressuscitar medidas de defesa industrial

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

De olho no Brasil como um importante mercado para as exportações da Itália, base para retomada do crescimento local, autoridades e empresários daquele país criticaram ontem a adoção de medidas de proteção à indústria e à moeda brasileira.

Tais medidas foram prometidas pela presidente Dilma Rousseff em recente viagem à Alemanha.

"A história mostra que protecionismo reduz a competitividade, gera preguiça e atrasa estímulos para investimentos", afirmou o diretor-geral do Banco da Itália, o banco central do país que pertence à zona do euro, Fabrizio Saccomanni, durante o seminário "Brasil e Itália no contexto global: experiências e modelos de desenvolvimento".

Suas declarações deram o tom do encontro na Embaixada da Itália em Brasília, que reuniu empresários de vários setores interessados em negócios como Brasil.

Depois de aumentar a cobrança de imposto para ingresso de dinheiro externo por prazo considerado curto para o governo, o ministro Guido Mantega (Fazenda) confirmou na semana passada que estuda medidas para proteger a indústria da concorrência com os importados.

Os alvos são setores importantes como máquinas e equipamentos, autopeças, têxtil e móveis. Ontem, o governo brasileiro voltou a carga: passou a taxar mais operações de captação lá fora com prazo de até cinco anos.

Responsável por traçar um perfil da situação atual do Brasil, o economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, mostrou que nunca os empresários brasileiros estiveram tão desconfortáveis com a concorrência externa.

Para o presidente da Telecom Italia, Franco Barnabè, no entanto, "a última coisa a ser feita é invocar medidas protecionistas".

Vice-presidente da associação de bancos da Itália, Guido Rosa diz que é até compreensível a posição de economias emergentes que querem proteger suas economias.

Segundo ele, esse é um obstáculo que as empresas estrangeiras interessadas em vir para o Brasil terão que lidar no curto prazo.

"É um mal necessário, mas em dois ou três anos devemos estar com liberação total", afirmou. "Em vez de dizer que isso [protecionismo] não deve ser feito, o empresário tem que reagir com mais qualidade e novos produtos para competir", sugere.

Um dos painéis do evento foi mediado por Maria Cristina Frias, colunista da Folha.

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