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Análise Pecuária

País precisa de regras claras para comércio de material genético

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

No debate sobre competitividade da pecuária, as previsões da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) indicam para 2050 população 33% maior e consumo de alimentos 70% maior, com crescimento de 74% na demanda por carnes -projeção em relação ao ano 2000.

Nesse contexto, o Brasil é protagonista, já que atribui à agropecuária papel fundamental diante das perspectivas de maior necessidade mundial por alimentos.

Com elevado profissionalismo dos produtores e busca contínua por tecnologia e inovação, a pecuária brasileira tem avançado significativamente. O mercado de inseminação artificial, por exemplo, cresceu mais de 20% em 2011, motivado pelo interesse crescente de pequenas e médias propriedades por melhoramento genético.

Apesar da redução dos preços da arroba do boi gordo no início deste ano, o cenário permanece positivo. O mercado mundial reconhece a carne brasileira como um produto diferenciado.

Para seguir com esse quadro, porém, é fundamental a manutenção da expansão da produtividade dos rebanhos, a qual tem no melhoramento genético sua principal base.

Dessa forma, de pouco adiantam busca e investimento constantes em tecnologia se não houver regras claras e bem definidas para os processos de importação e exportação de genética, que envolvem mercado de sêmen, embriões e gado vivo, com impactos diretos nos resultados da pecuária nacional.

Não é difícil encontrar casos de importação de lotes de sêmen de qualidade inferior àquele produzido pelo país, o que inicialmente traz retorno financeiro aos envolvidos, mas a médio e longo prazos é um tiro no pé de toda cadeia produtiva da pecuária.

O Brasil não alcançou por acaso a liderança nas exportações de carne bovina -e a segunda colocação na produção mundial. Isso é resultado de anos de investimento em genética. É um patrimônio e é necessário zelar por ele.

Cabe a toda cadeia produtiva da pecuária agir de forma comprometida para conquistar esse equilíbrio na comercialização internacional de material genético.

As portas do país não podem ser abertas à entrada de material de baixa qualidade. Todos, especialmente as autoridades, precisam estar atentos a essas distorções.

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril, especializada na criação de gado angus, brahman e simental sul-africano, e presidente da Associação Brasileira de Angus.

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