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Juro baixo é para poucos, diz ProTeste

Entidade encaminha ao governo documento em que mostra que redução anunciada não beneficia maioria

Entidade de defesa do consumidor vai a agências do BB e Caixa checar condições para usar novas taxas

CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (ProTeste) encaminha ao governo na segunda-feira documento em que mostra que a redução de juros anunciada pela Caixa Econômica Federal e pelo Banco do Brasil beneficia "poucos" e não está disponível para a maioria dos consumidores.

Em visita a agências dos dois bancos em São Paulo e no Rio, pesquisadores constataram que as taxas menores só podem ser conseguidas se os consumidores forem correntistas, além de estarem sujeitos à análise de crédito.

"O fato é que consumidor não consegue se beneficiar do corte de taxas das principais linhas de crédito nos patamares anunciados, como mostram propagandas. É preciso ter cautela antes de sair trocando de banco", afirma a advogada Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste e colunista da Folha.

O documento será entregue ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, do Ministério da Justiça, à Casa Civil e ao ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Para verificar se os juros anunciados estavam em prática, os pesquisadores simularam algumas situações.

Na visita às agências, pediram informação, por exemplo, sobre o financiamento de um carro (valor de R$ 29.990), com entrada de 40% e pagamento em 24 meses. Na Caixa, o juro oferecido em São Paulo foi de 1,92% ao mês. No Rio, de 1,7%.

Segundo gerentes consultados pelos pesquisadores, a taxa mínima de 0,98% somente seria concedida se o cliente desse metade do valor do carro de entrada e financiasse em 12 meses.

NEM TÃO BAIXAS

"Nem todos podem pagar em um ano nem têm a entrada exigida", diz Dolci. "Antes do anúncio do corte de juros, a Caixa já oferecia juros de 1,19% a 2,25%. Ou seja, bem próximas às que estão oferecendo agora."

No BB, a constatação foi a mesma. No Rio, a taxa para o financiamento em 24 vezes é de 1,46% ao mês. Em São Paulo, 1,02% ao mês.

O financiamento do carro com a taxa mínima anunciada pelo BB (0,99%) só seria possível após três meses da abertura da conta, além de ampla análise de crédito e do relacionamento do cliente com o banco, diz Tâmara Isaac, economista da ProTeste.

EMPRÉSTIMO PESSOAL

No empréstimo pessoal, os pesquisadores foram informados que o juro de 2,39% ao mês é oferecido somente para quem recebe salário na Caixa, como mostra a propaganda do banco.

No Banco do Brasil, a taxa fornecida no Rio para clientes regulares foi de 5,10% a 6,79% ao mês. Segundo a ProTeste, os gerentes não souberam informar qual a taxa para os que tinham conta-salário e disseram que o percentual dependeria da análise de crédito do cliente.

"Ficou claro que a estratégia do governo de usar os bancos públicos para forçar a queda nos 'spreads' (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final) e assim impulsionar o crescimento do país não é para todos", diz Dolci.

O QUE VERIFICAR

Antes de trocar de banco, a especialista recomenda verificar o custo total de serviços e tarifas da nova conta.

Também aconselha a negociar com o gerente da agência em que o consumidor já tem conta. "Os bancos não querem perder clientes. Por isso é hora de barganhar e conseguir juros ainda menores do que os oferecidos."

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