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Análise

Com excessiva oferta de crédito, muitos se empolgaram e perderam o controle

RICARDO LOUREIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A recente redução nas taxas de juros pelos principais bancos brasileiros é muito bem-vinda.

Juros mais baixos podem ser associados a aumento de consumo e de produção e, em consequência, à ampliação de emprego e renda, fazendo girar a "roda" da economia.

Essa iniciativa do governo tem o objetivo de dar mais fôlego ao crédito, um dos pilares do processo de desenvolvimento econômico. Parece razoável, uma vez que o atual regime de quase pleno emprego pode sustentar nível geral de endividamento, numa avaliação mais ampla.

No detalhe, porém, se percebe que uma grande quantidade de consumidores já atingiu o limite. Os brasileiros apresentam hoje um comprometimento de renda de 22%, que já supera o dos americanos -em torno de 16%.

Essa situação, sem dúvida, contribuiu para o aumento da inadimplência em 2011. Entretanto, o que chama a atenção é que o país não está numa recessão; ao contrário, vivencia um ambiente de baixíssimo desemprego e aumento de renda. Parece que muita gente ficou empolgada com tanta oferta de crédito e perdeu o controle. A situação piorou quando a inflação e as taxas de juros começaram a subir.

Algumas estatísticas reforçam essa tese. Em 2011, cerca de 90 milhões de brasileiros foram consultados para a realização de 350 milhões de negócios. No período, 22,4 milhões de pessoas entraram na base de inadimplentes. A boa notícia é que 19,3 milhões conseguiram recuperar sua situação creditícia.

Outro dado preocupante é que os inadimplentes não apresentam uma ou duas dívidas em atraso, mas, sim, quatro. Cerca de 60% deles têm dívidas superiores a 100% de sua renda estimada. Claramente, uma situação de insolvência.

Felizmente, há um grande esforço para que o cadastro positivo seja rapidamente implementado e comece a gerar benefícios.

É uma medida de grande alcance, que viabiliza e dá sustentação ao crescimento do crédito de maneira mais eficiente, fomentando um ambiente de negócios com taxas de juros mais justas e que privilegiam o bom pagador.

RICARDO LOUREIRO é presidente da Serasa Experian e da Experian América Latina

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