Sabesp confia em conservadorismo para driblar turbulência financeira

Na semana em que o Ibovespa recuou 8,3%, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) anunciou sua estratégia contra a turbulência.

A empresa vai se concentrar em investidores interessados em papéis de longo prazo, que projetem bem além do dia a dia.

A companhia é uma S.A. em que a administração estadual tem 50,3% dos papéis, 27% são negociados nos EUA e 22,7%, na BM&FBovespa.

Secretários do governo de São Paulo e executivos da Sabesp celebraram na semana passada dez anos de negócios na Bolsa de Nova York.

Numa hora de "grande ponto de interrogação" -como disse o secretário Andrea Calabi (Fazenda)-, o diretor financeiro Rui Affonso definiu 80% dos investidores da Sabesp na Bolsa como fundos estrangeiros interessados no "flight to quality" ("voo para a qualidade").

Affonso compara o cenário atual com a crise de 2008, quando "o crédito secou globalmente e travou no Brasil".

Como a Sabesp trabalhava com seus compromissos definidos para um horizonte de dois anos, não reduziu investimentos. A estratégia se repete: "Estamos com 70% dos contratos financiados para o período de 2012 a 2015".

A empresa programa investir por ano mais de R$ 2 bilhões -46% devem vir do próprio caixa e 54% de várias fontes (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, organismos multilaterais, agências internacionais e o mercado de capitais).

Para Affonso, ter dívida em moeda estrangeira não é algo ruim, ressalva apontada por analistas: "Seria, com vencimento concentrado no curto prazo. Não é o caso".

Além do câmbio, a empresa -de 15 mil funcionários- enfrenta ameaça de greve nesta semana. Evitar a paralisação cairia bem na percepção do investidor.