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Ideia para o Post-it nasceu no ensaio do coral da igreja

O engenheiro Arthur Fry, que inventou o marcador, dará palestra amanhã para convidados, em São Paulo

MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO

Em um tempo em que não havia Facebook ou celulares -e isso foi só há 30 anos-, um pequeno bloco de papel de 38 mm por 50 mm, com cem folhas amarelas adesivadas suavemente, mudaria para sempre o padrão de comunicação entre as pessoas.

Com o surgimento do Post-it, a vida nos escritórios, e nas cozinhas, nunca mais seria a mesma. O mérito da invenção coube a Arthur Fry, engenheiro químico, hoje aos 80 anos, que por 40 vestiu a camisa da 3M, fabricante do produto.

"Nunca imaginei esse sucesso, mas no fundo sempre soube que ia dar certo", disse Fry em entrevista exclusiva à Folha. Ele está em São Paulo e amanhã fará uma palestra para convidados.

Como toda grande invenção, esta daria um livro. Com lances como pesquisas de mercado jogando contra, ausência de maquinário adequado para fabricação do produto ou a estratégia de distribuir as primeiras fornadas de Post-it para os presidentes-executivos que encabeçavam a lista da "Fortune" dos 500 mais ricos dos Estados Unidos.

Tudo começou em 1968, quando outro engenheiro químico da companhia, Spencer Silver, desenvolveu um adesivo com a característica singular de aderir suavemente às superfícies.

A 3M bem que tentou usá-lo comercialmente no começo dos anos 70, criando um mural com a fronte banhada pelo adesivo. A ideia era grudar e desgrudar papéis avulsos. Não deu certo, até por conta do acúmulo de poeira.

Fry conta que trabalhou novos protótipos utilizando os 15% do tempo que a 3M cedia para os profissionais da empresa desenvolverem as próprias ideias.

A iluminação veio em 1977 enquanto cantava no coral de sua igreja. "Toda vez que abria um dos libretos ou mudava de página, os marcadores caíam. Então pensei: por que não usar a cola do Spencer em uma tira de papel?"

A ampliação da ideia veio depois: "Foi numa troca de memorando com meu chefe. Quando vi, estávamos os dois escrevendo sobre a tira de papel adesivada, para não rasurar o documento. Então compreendi que nascia uma nova forma de comunicação".

E por que a cor amarela? "Rosa ou azul seriam associados aos gêneros sexuais. O branco não faria contraste com o sulfite básico, que também é branco. E o amarelo recebe bem as tintas preta e azul, sem causar fadiga", explica o engenheiro.

Fry também inventou fitas industriais, adesivos para aplicar em folhas de metal, e acabamentos para concreto.

"Alguns tiveram vida curta, outros estão por aí", afirma o engenheiro.

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