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Mudança no Cade acelera o negócio entre Azul e Trip

Empresas anunciam operação de troca acionária; valor do acordo não é revelado

Operação cria terceira maior companhia aérea do país, com 15% do mercado e faturamento de R$ 4,2 bilhões

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

A perspectiva de mudança nas regras do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acelerou as negociações da Azul com a Trip, que ontem anunciaram um acordo de fusão. "Toda mudança de regra gera incertezas. Por isso, resolvemos acelerar", disse o presidente da Trip, José Mario Caprioli.

A expectativa é que o negócio seja analisado pelo Cade e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ao longo dos próximos nove meses. Somente depois da aprovação dos órgãos reguladores é que as empresas vão iniciar o processo de integração.

Oficialmente, as empresas não falam no fim da marca Trip, mas reconhecem que o racional é usar só um nome.

Até lá, serão duas empresas de uma mesma holding. Os atuais donos da Azul -o norte-americano nascido no Brasil David Neeleman e oito fundos, entre eles Gávea, TPG e Bozano- ficam com 67% da empresa. Os grupos Caprioli e Águia Branca, donos da Trip, com o restante.

Para concretizar a operação de troca de ações, os donos da Trip recompraram, há uma semana, os 26% que estavam nas mãos da americana Skywest. O valor usado para definir as participações não foi divulgado.

O negócio cria a terceira maior empresa do país, com porte para enfrentar as líderes TAM e Gol. O faturamento conjunto de Azul e Trip deve chegar a R$ 4,2 bilhões neste ano. Em 2011, a TAM faturou R$ 13 bilhões, e a Gol, R$ 7,4 bilhões.

Com frota de 112 aviões e 837 voos diários, o grupo Azul Trip responde por 29% das partidas realizadas no país.

Ele atende 96 cidades, de um total de 108 que recebem voos regulares. Concorrem em 15 -entre elas Bauru, Marília e Londrina.

Neeleman rebate críticas de que o fim da concorrência nessas 15 cidades possa levar a um aumento de passagens ou à redução de serviços: "Nos casos em que nossos voos saem muito próximos, devemos alterar horários para ampliar as frequências".

O empresário disse ainda não esperar problemas no Cade à medida que não há barreira para a entrada de concorrentes nesses mercados. "O único aeroporto em que a concorrência não entra é São Paulo [Congonhas]."

Neeleman afirmou considerar que o peso do grupo Azul-Trip poderá ajudar a levar o governo a repensar a política de distribuição de slots (vagas para pousos e decolagens) em Congonhas, dominado por TAM e Gol.

Nos últimos meses, a aviação regional vem crescendo em ritmo acelerado. Em abril, segundo a Anac, enquanto a participação conjunta de TAM e Gol caiu 7,8% (de 81% para 74,7%), a fatia das empresas menores cresceu 33%.

A Trip diz que não pretende romper o acordo de compartilhamento com a TAM. A expectativa é que isso aconteça após a efetiva fusão das operações com a Azul.

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