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Empréstimos recuam apesar de juro menor

Em abril, empresas tomaram R$ 108 milhões em crédito a menos por dia, ante março

MAELI PRADO
DE BRASÍLIA

Apesar de contarem com juros menores em abril, consequência dos cortes na Selic e da pressão do governo pela redução das taxas cobradas pelos bancos, as empresas tomaram R$ 108 milhões em crédito a menos por dia, em média, do que em março.

A queda, de quase 2%, foi a primeira do ano apontada por dados livres de influência sazonal calculados pela consultoria LCA com base em números do Banco Central.

Houve recuo no volume de empréstimos em 6 de 13 categorias de financiamento a pessoas jurídicas acompanhadas pelo Banco Central, o que, na avaliação de especialistas, evidencia o momento delicado da indústria.

Isso ocorre porque, a um só tempo, a crise internacional restringe as exportações de manufaturados e estimula empresas asiáticas a vender seus produtos, mais competitivos, no ainda crescente mercado brasileiro.

Nesse cenário, as empresas preferem esperar antes de tomar novos financiamentos.

No início de abril, tanto o Banco do Brasil quanto a Caixa lançaram linhas de crédito mais baratas para pequenas empresas. Foram seguidos pelos bancos privados.

Além disso, a taxa básica de juros, a Selic, foi cortada em 3,5 pontos entre agosto de 2011 e abril deste ano.

Em média, os juros cobrados de empresas caíram de 27,7% ao ano, em março, para 26,3% em abril.

"Não houve reação porque as incertezas no cenário internacional fazem com que os empresários invistam menos em seus negócios", diz Wermeson França, economista da LCA. "Isso ainda não se refletiu com força na taxa de desemprego porque as empresas estão aguardando uma reação da economia."

DEMANDA FRACA

Renato da Fonseca, gerente-executivo de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), afirma que a resistência da indústria em tomar crédito está relacionada à cautela dos empresários com planos de investimento.

"O investimento depende da expectativa do empresário em relação a demanda." O economista acrescenta que as taxas caíram, mas a dificuldade da indústria em tomar crédito permaneceu.

"Não é porque os juros caíram que se pode esperar um aumento nos empréstimos", afirma Paulo Francini, economista da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "A demanda está enfraquecida por outros motivos", completa.

A produção da indústria brasileira voltou a se contrair em abril, em 0,2%, segundo dados do IBGE.

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