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Análise

Mercado externo traz boas perspectivas para a carne bovina

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A visita de uma missão ao Brasil há alguns dias deu novo alento ao eterno abre-e-fecha do mercado russo às nossas carnes.

A Rússia é o maior importador mundial de proteína vermelha e sua possível volta ao mercado é uma excelente notícia não apenas para a indústria, mas para toda a cadeia produtiva.

Confiante no desfecho das negociações, a Abiec, entidade que reúne os frigoríficos exportadores, anunciou recentemente que acredita no aumento de até 10% nas vendas externas de carne bovina em 2012.

Confirmando a previsão da entidade, o Brasil deve fechar o exercício com a exportação de pouco mais de 1,46 milhão de toneladas de equivalente carcaça. No ano passado, foram 1,32 milhão/t.

Mais volume, mais receita. A previsão é alcançar US$ 6 bilhões na venda para cerca de 150 países, o que projeta aumento de 20% sobre os US$ 5 bi de 2011.

Atingindo esse resultado, o Brasil volta à liderança no comércio global de carne bovina, perdida no ano passado para a Austrália.

Entre 2003 e 2010, o país esteve à frente e tudo leva a crer que volte a ocupar a posição.

O ranking global deve trazer outras surpresas. A FAO, órgão da ONU para a alimentação, estima que a Índia possa ultrapassar os Estados Unidos na terceira colocação, com vendas externas de 1,25 milhão de toneladas contra 1,24 mi/t dos EUA.

A instituição também acredita que a produção americana caia até 5%, chegando a 11,4 milhões/t. O Brasil -segundo maior produtor- deve atingir 9,5 milhões/t.

Não resta dúvida de que o crescimento das exportações globais de carne bovina, e particularmente o desempenho brasileiro, é boa notícia.

Os produtores sabem que, quando o mercado externo demanda, a negociação com a indústria é mais maleável.

Especialmente quando a carne é de padrão superior. Nesse caso, os frigoríficos fecham melhores contratos lá fora e os pecuaristas são bonificados em até 10% na arroba do boi gordo. Bom para todos os envolvidos.

Até o momento, no entanto, as exportações oscilam. Com isso, os preços do gado mantêm-se estáveis.

Em junho, por exemplo, praticamente não houve movimento, com a arroba na faixa dos R$ 93,50, de acordo com o Cepea/Esalq.

Uma boa notícia vem do confinamento, que pela primeira vez na história deve ficar bem próximo de 4 milhões de cabeças.

Animais confinados são mais homogêneos e melhor terminados, o que pressupõe ter mais gado de qualidade na praça.

No contraponto, a economia brasileira deve crescer pouco neste ano, o que pode segurar o consumo interno.

Espera-se, assim, que a Abiec esteja certa e as exportações realmente cresçam para desovar a produção.

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril e presidente da Associação Brasileira de Angus.

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