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Cifras&Letras

Entrevista Teoria Econômica

Vale do Silício simboliza ideias de Schumpeter, diz biógrafo

Economista dizia que inovação e 'destruição criativa' movem capitalismo

MARIA PAULA AUTRAN
DE SÃO PAULO

Inovação e empreendedorismo. Em tempos de tablets e redes sociais, os conceitos parecem recentes, mas o economista Joseph Schumpeter (1883-1950), autor de "Teoria do Desenvolvimento Econômico", já os usava na primeira metade do século 20.

Contemporâneo de Keynes, Schumpeter dizia que a inovação impulsionava a economia. Ele acaba de ganhar biografia assinada pelo professor de história empresarial de Harvard, Thomas McCraw, em "O Profeta da Inovação".

À Folha o autor falou sobre empreendedorismo, inovação e a atualidade de ideias do economista europeu. Confira os principais trechos.

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Folha - Que princípios de Schumpeter ainda ecoam?

Thomas McCraw - A importância da inovação para mover uma economia, independentemente de questões monetárias, como o que vem acontecendo na Europa. Mas isso [Europa] não acho que seja assunto de Schumpeter, e sim de Keynes, embora mesmo ele não tenha antecipado o que acontece agora.

Por que Schumpeter afirmava que a economia era impulsionada pela inovação?

A visão dele é que inovação vinha em ondas e que uma coisa puxava outra e outra.

Por exemplo, as telecomunicações, todos os produtos como celulares, iPhones, iPads e internet são coisas que ele previu, que aconteceram e que Schumpeter sempre disse que aconteceriam, pois isso [inovar] é o que o ser humano gosta de fazer. Pelo menos alguns deles.

É como em uma Copa do Mundo, em que as equipes tentam derrotar umas às outras: essa é a visão dele da competição de mercado.

O que é empreendedorismo para Schumpeter?

Ele flui de alguns sentimentos humanos básicos: ter sucesso não apenas por dinheiro, mas também pelo sucesso em si -o senso de aventura, de vencer, de realizar um potencial e de fazer do mundo um lugar melhor.

Schumpeter pensou os empresários não só como homens de negócios, mas também como personalidades distintas que tiveram determinado perfil psicológico, dominado por seu alto grau de criatividade.

Eles reconhecem que não podem descansar sobre os sucessos passados e que devem ser continuamente criativos, ou vão ser ultrapassados por concorrentes que trabalham mais e são mais inovadores.

Schumpeter acreditava que quase todas as empresas acabariam por não inovar continuamente. Os fundadores do negócio ficariam mais velhos, enquanto os inovadores mais jovens começariam novas companhias e deslocariam empresas mais antigas.

Você pode ver isso na juventude notável dos inovadores no Vale do Silício [na Califórnia, EUA], que começou o que agora são grandes e famosas companhias quando eram muito jovens: pessoas como Jeff Bezos, da Amazon, Sergey Brin e Larry Page, do Google, e Mark Zuckerberg, do Facebook.

O que é "destruição criativa"?

Schumpeter usou o conceito como uma metáfora para descrever a natureza subjacente do capitalismo: o deslocamento contínuo de produtos velhos e velhas formas de organização por novas.

Assim, no século 19, tecidos de algodão produzidos em massa, em grande parte, substituíram seda, linho, lã e tecido porque eram mais baratos e podiam ser lavados sem encolher. Nos negócios, a "destruição criativa" tem sido similar. Parcerias substituíram indivíduos e foram substituídas por corporações.

A ideia de Schumpeter de "destruição criativa" expressa as mudanças dinâmicas que definem o capitalismo. Como escreveu: "O capitalismo estabilizado é uma contradição em termos".

Mudança contínua é a característica definidora do capitalismo e a única coisa que o distingue de todos os outros sistemas econômicos.

O PROFETA DA INOVAÇÃO

Thomas K. McCraw

TRADUÇÃO Clóvis Marques

EDITORA Record

QUANTO R$ 84,90 (770 págs.)

Confira a entrevista completa em
folha.com/no1119433

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